Cotidiano

China reduz meta de crescimento em 2017 e coloca foco em reforma

63591203_This picture taken on January 1 2017 shows Chinese workers loading steel pipes at a port in.jpgPEQUIM ? A China reduziu, neste domingo, sua meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, no momento em que a segunda maior economia do mundo impulsiona dolorosas reformas para enfrentar um rápido aumento das dívidas e cria proteções contra os riscos financeiros. A China pretende expandir sua economia em cerca de 6,5%, disse o primeiro-ministro Li Keqiang em seu relatório de trabalho na abertura da sessão anual do parlamento neste domingo. A meta, que a Reuters havia noticiado com exclusividade citando fontes em janeiro, era realista e ajudaria a orientar e estabilizar as expectativas, disse Li.

A China definiu uma meta de 6,5% a 7% no ano passado e, por fim, alcançou crescimento de 6,7%, apoiado em empréstimos bancários recordes, um boom imobiliário de natureza especulativa e bilhões de dólares em investimentos governamentais.

Mas, à medida que o governo toma medidas para esfriar o mercado imobiliário, os novos empréstimos são retardados e os investimentos endurecem, a China terá de depender mais no consumo interno e do investimento privado para crescer.

?Os acontecimentos, tanto dentro como fora da China, exigem que estejamos preparados para enfrentar situações mais complicadas e mais graves?, disse Li, acrescentando que o crescimento mundial permaneceu lento, enquanto a desglobalização e o protecionismo estavam ganhando impulso.

O crescimento de aproximadamente 6,5% é suficiente para salvaguardar o emprego, afirma Huang Shouhong, diretor da Oficina de Pesquisa do Conselho Estatal, que ajudou a redigir o informe do primeiro-ministro. A China gerou 13,14 milhões de novos postos de trabalho urbanos em 2016, com recorde do número de recém-formados contratados ou que abriram uma empresa, segundo informou Li.

Michael Tien, delegado de Hong Kong frente ao Parlamento Chinês e fundador da rede de vestuário G2000, disse que ficou surpreso com o percentual de 6,5%.

?Eu acho que é muito alto?, disse em entrevista à Reuters. ?Nos últimos anos, qualquer que fosse o número anunciado, sempre o cumpriam ou o excediam um pouco. Mas com esta economia, a taxa de 6,5% é surpreendente?, disse Tien.

UM EQUILÍBRIO DELICADO

Economistas dizem que será complicado apoiar o crescimento e manter a liquidez, ao mesmo tempo que se buscam reformas e se tenta dominar as forças econômicas rebeldes. A meta de 2017 quanto à oferta de moeda foi cortada ligeiramente em cerca de 12%, frente aos 13% em 2016. A meta do déficit orçamentário manteve-se inalterada, em 3% do PIB.

Li disse que a China vai continuar a implementar uma política fiscal proativa, acrescentando que o governo pretende reduzir a carga fiscal sobre as empresas em cerca de 350 bilhões de yuan (US$ 51 bilhões) este ano. A China também vai manter uma política monetária prudente e neutra, disse o primeiro-ministro.

Pequim marcou nos últimos meses uma mudança gradual da política monetária expansionista para desencorajar o investimento especulativo. Desde fevereiro, o banco central elevou as taxas de juros sobre alguns empréstimos.

Jia Kang, ex-diretor do Instituto de Ciência Fiscal do Ministério da Economia, disse à Reuters que não esperava um aumento das taxas, pelo menos no curto prazo.

?Parece improvável, dado que a estabilidade é o objetivo no curto prazo?, disse Jia. ?Atualmente, existem riscos sistêmicos sob controle, mas a China deve estar totalmente alerta e construir um “firewall” contra riscos financeiros?, acrescentou.

Os bancos chineses estendeu um recorde de empréstimos 12,65 trilhões de yuans em 2016, e dados recentes mostram que os novos empréstimos atingiram 2,03 trilhões de yuans em janeiro, a segunda cifra mais alta já registrada.