NOVA YORK ? A soldado americana Chelsea Manning, principal delatora do WikiLeaks, foi condenada a passar sete dias na solitária. A oficial, que cumpre sua pena de 35 anos por vazamento de segredos militares, vai ser punida por ter tentado suicídio e por manter um livro proibido em sua cela. O castigo previa 14 dias no confinamento extremo, mas seu bom comportamento durante seis meses aliviou a sentença.
? Eu me sinto machucada. Me sinto solitária. Me sinto envergonhada pela minha decisão. Eu não sei como explicá-lo ? disse Manning, revelando que o título banido pela penitenciária é ?Hacker, Hoaxer, Whistleblower, Spy?, de Gabriella Coleman, que fala do grupo de hackers Anonymous. Ela foi repreendida em agosto do ano passado pelo mesmo motivo.
O veredito do comitê disciplinar de Fort Leavenworth, prisão militar onde Manning está presa, não estabeleceu quando o castigo será efetuado. O documento acrescentou que ela pode recorrer à sentença. O advogado da soldado, Chase Strangio, da ONG União Americana pelas Liberdades Civis, questionou a lógica ?dos nossos sistemas penitenciários de punir pessoas com a crueldade da solitária por tentarem acabar com as próprias vidas?.
Um porta-voz do exército, Wayne Hall, disse por email que seria ?inapropriado se as Forças Armadas comentassem esse episódio?.
Manning foi condenada em 2013 por ter fornecido mais de 700 mil documentos, vídeos, comunicações diplomáticas e relatos de guerras ao Wikileaks, no maior vazamento de material secreto da História dos EUA. Após ser condenada, a ex-analista de Inteligência anunciou que se identificava com o sexo feminino, e conseguiu autorização legal para mudar o seu nome e receber terapia hormonal. Mesmo assim, ainda tem de manter o cabelo curto, conforme as normas de higiene dos militares masculinos, e está processando o governo por essa questão e por não ter sido transferida para uma prisão feminina.
Em julho, Manning fez denúncias à imprensa de que estava sendo ignorada em seus apelos por ser tratada como mulher. Pouco tempo depois, tentou cometer suicídio. Ainda sem ter suas demandas atendidas, a soldado fez greve de fome, anunciando que não beberia água ou tomaria remédios. Recentemente, no início de setembro, Manning ganhou aval para cirurgia de mudança de sexo.