Cascavel – Famílias que ocupavam terrenos no Jardim Gramado, aos poucos deixam o local e seguem para a área do Jardim Veneza, que havia sido destinada pela Prefeitura de Cascavel, mas que na semana passada voltou atrás e não vai mais destinar o terreno aos moradores, que agora estão, mais uma vez, em situação irregular.
Ontem a reportagem foi no Gramado e constatou que há no local cerca de cem famílias ainda. Noeli Loureiro Nogaroli, conhecida como Mãe Natureza, após anos dedicados aos cuidados com as plantas no Gramado, precisou abandonar a moradia.
Ela já improvisou um barraco no Veneza e ontem retirava telhas e tudo o que poderá ser reaproveitado da antiga casa no lugar onde passará a viver.
A mudança é feita com tristeza. Ela não se contrapõe à reintegração de posse, apesar de não ter recebido nenhuma intimação, mas esperava ao menos que a prefeitura contribuísse com um lugar digno às famílias. “Eles tiveram 16 anos para buscar alternativas e nada fizeram. Agora somos obrigados a ir para uma área sem água e qualquer tipo de saneamento”, lamenta Noeli.
A moradora sofre diante das condições em que muitas famílias estão alojadas no Jardim Veneza. “É muito triste essa situação. Há pessoas que perderam até o benefício de cesta básica e não têm o que comer”, relata.
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Os mesmos cuidados que Noeli manteve por anos no terreno do Jardim Gramado, ela garante que seguirá no novo lar. “Já plantei 60 mudas de árvores e quero deixar linda e florida minha casa”, diz ela ao comprovar o porquê recebe o apelido de Mãe Natureza.
Apesar do impasse com a prefeitura, que a partir de agora deverá aguardar pela reintegração de posse do Jardim Veneza, o MNLM (Movimento Nacional de Luta Pela Moradia) não pretende deixar mais a área.
A Secretaria de Assuntos Jurídicos informa que ainda não há decisão judicial em relação ao Veneza. “A prefeitura está trabalhando na confecção do pedido de reintegração de posse, juntada de provas e elaboração da petição inicial, e posterior protocolo nos próximos dias”, afirma. Sobre alternativas para atender às famílias, a informação é de que ainda se estuda a situação internamente.
