RIO – Faltando 37 dias para a abertura oficial da Olimpíada, mais um atleta resolveu
desistir da luta por uma medalha, alegando medo do vírus zika. Desta vez, foi o
golfista australiano Jason Day, líder do ranking mundial do esporte, que na terça-feira
declarou a uma agência de notícias que teme vir ao Rio com a família em agosto.
As estatísticas da doença, no entanto, vão de encontro à decisão do australiano.
De acordo com a Secretaria municipal de Saúde, este mês, até o dia 18, apenas
186 pessoas contraíram o vírus, enquanto em janeiro (período de pico) esse
número chegou a 7.753. Em relação à dengue, o número despencou de 8.744 em abril
(mês de pico) para 426 em junho (até a segunda semana).
A queda já era prevista, segundo especialistas, por causa da chegada do
inverno. A boa notícia é que, até os Jogos, esse número deve cair ainda
mais.
? A preocupação é desnecessária e até certo ponto bem
exagerada. A tendência é ter ainda menos casos em agosto. Não vejo a zika como
um problema. Temos muitas coisas para nos preocuparmos, mas a proliferação do
mosquito não é uma delas. Eu não acredito que teremos, por exemplo, um atleta
infectado durante os Jogos. A gente vem falando isso desde o início do ano ?
disse Alberto Chebabo, presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio
de Janeiro. Zika – 16/06
Antes de Jason, outros quatro golfistas já tinham anunciado que não viriam ao
Rio por causa do vírus. No início deste mês, foi a vez de o ciclista americano
Tejay van Garderen pedir à Confederação Americana de Ciclismo que retirasse seu
nome da lista de convocados, alegando o mesmo motivo.
O diretor de Comunicações do Comitê Organizador Rio 2016,
Mario Andrada, lamentou a ausência de mais um esportista.
? É um exagero. Hoje, a chance de se contrair zika em
Miami é muito maior do que no Rio. Eu lamento a decisão (do golfista Jason Day),
mas isso não mudará o brilho da Olimpíada ? afirmou.
Mario disse que o Comitê Organizador entrou em contato com todas as
federações esportivas internacionais, inclusive a de golfe, para conversar sobre
o tema:
? Informamos sobre a baixa incidência da doença. É uma ótima desculpa alegar
o medo do vírus, mas o risco é muito baixo.
OMS DIZ QUE O RISCO É BAIXO
A confiança da organização é sustentada por parte da
comunidade científica brasileira. No início deste mês, um estudo elaborado por
integrantes do Programa de Computação Científica da Fundação Oswaldo Cruz e da
Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV) afirmou que,
entre agosto e setembro, a incidência de doenças causadas pela picada do
mosquito Aedes aegypti varia entre um e sete registros para cada cem
mil habitantes. A pesquisa foi usada para rebater a ideia de alterar a data dos
Jogos Olímpicos, conforme propuseram cientistas internacionais em carta aberta à
Organização Mundial da Saúde (OMS). Com base nas estatísticas, pesquisadores
estimam que, entre os 350 mil e 500 mil turistas esperados para a Olimpíada do
Rio, devem ocorrer quatro casos de dengue com sintomas, com a margem de erro
variando entre um e 36.
Há duas semanas, o Comitê de Emergência Sobre o Vírus
Zika, da Organização Mundial da Saúde, afirmou que o risco de transmissão da
doença durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro é ?muito baixo?.
Para o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, o
Rio está bem preparado para receber os turistas durante a Olimpíada:
? A gente tem um série histórica de mais de 40 anos sobre
a infestação de mosquito nesse período. A baixa incidência vai permanecer.
Vários pesquisadores atestam isso. Os atletas que consultarem suas delegações
vão ficar tranquilos quanto a esse assunto. Eu respeito a decisão particular de
cada atleta, mas o risco de se contrair doenças ligadas ao Aedes aegypti
é muito baixo.
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