Cotidiano

Calicute usará colaboração internacional para rastrear dinheiro de propina do esquema de Cabral

RIO – Os investigadores da Operação Calicute, do Ministérrio Público Federal (MPF) no Rio, utilizarão os instrumentos de colaboração internacional da Lava-Jato para rastrear o uso de contas no exterior no esquema comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral. A informação foi prestada na manhã desta quarta-feira, durante entrevista coletiva que explicou detalhes da denúncia apresentada contra 13 réus, além dos motivos que levaram à prisão da ex-primeira dama Adriana Ancelmo.

Ancelmo foi presa preventivamente sob a acusação de ocultar, por meio de joias escondidas, bens comprados com dinheiro de propina paga em desvio de recursos de obras públicas, como a reforma do Maracanã e o Arco Metropolitano do Rio. A denúncia, de 150 páginas, aponta apenas desvios oriundos de contratos do governo do estado com a empreiteira Andrade Gutierrez, que colabora com a investigação por meio de acordo de delação premiada.

Apenas nesta denúncia, a suspeita é de que a propina acertada chegaria a R$ 27,5 milhões, sendo que a expressiva maioria seria paga ao ex-governador e ao operador Hudson Braga, por meio de contratos fictícios com empresas ligadas ao esquema ou de pagamentos vultuosos em bens ou dinheiro vivo.

Este é apenas uma parte do valor desviado, que alcançaria R$ 224 milhões. Porém, o valor desviado ainda não é conhecido porque as investigações continuam.
De acordo com o procurador Lauro Coelho Junior, coordenador da Calicute, a cooperação internacional será utilizada, nos mesmos moldes do que ocorre na operação Lava-Jato, cooperação que, por exemplo, identificou as contas no exterior do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.

– A colaboração internacional é um dos pilares da operação lava-jato e será utilizada aqui também. Será utilizada para aprofundar as investigações – afirmou o procurador, sem detalhar se a colaboração já foi formalizada em razão do sigilo das investigações.
Os procuradores ainda apuram se, além de joias, obras de arte também foram utilizadas para lavar dinheiro de propina. Algumas obras já encontradas estão sendo periciadas.