Relatório do Google mostra que no Brasil a busca de informação sobre crosslinking, único tratamento que interrompe a progressão do ceratocone, atingiu o auge em meados deste mês e voltou a subir em 19 de julho. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, de Campinas, a procura nos consultórios também aumentou este mês.
Levantamento feito pelo hospital revela que os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina lideram o interesse pelo procedimento. “O ceratocone não é contagioso, mas deforma a córnea, lente externa do olho responsável pela refração e é uma importante questão da saúde pública porque responde por 7 em cada 10 transplantes no País. O repentino aumento da busca pelo crosslinking está acontecendo porque a ANS [Agência Nacional de Saúde] determinou que todos os planos de saúde deveriam regulamentar até 30 de junho a cobertura da cirurgia”, explica.
Nem poderia ser diferente. Mais da metade, 52%, dos que têm indicação para a cirurgia não podem pagar pelo procedimento. É o que mostra uma pesquisa feita este ano por Queiroz Neto com 1.318 portadores de ceratocone para medir a eficácia da associação de tratamentos.
O especialista conta que a pesquisa dividiu os participantes em dois grupos. Um que já tinha passado pelo crosslinking, com 398 participantes, e outro que não tinha feito a cirurgia com 920 pessoas.
“O crosslinking associa a aplicação de radiação UV [Ultravioleta] no epitélio, camada externa da córnea, com riboflavina [vitamina B12]. O resultado é o aumento da resistência da córnea em até três vezes e a interrupção da progressão do ceratocone que leva ao transplante”, detalha.
Só é contraindicada em córneas muito finas ou com cicatrizes, para quem tem herpes ocular e mulheres em período de gestação.
A pesquisa mostra que a cirurgia estabiliza o ceratocone em 86,9% dos casos e 45% têm melhora da visão. O médico destaca que a completa recuperação geralmente acontece em 30 dias.