RIO ? Quinze dias depois do surpreendente anúncio da Academia Sueca de que Bob Dylan tinha vencido o Prêmio Nobel de Literatura em 2016, o cantor e compositor americano finalmente rompeu o silêncio sobre a conquista. Até então, Dylan não tinha feito qualquer comentário público sobre o assunto e sequer atendeu as diversas ligações feitas por Sara Danius, secretária permanente da Academia Sueca ? ela chegou a anunciar que tinha desistido de entrar em contato com o artista. Links Bob Dylan
Agora, em entrevista ao jornal “Telegraph“, Dylan afirmou que pretende comparecer à cerimônia de premiação, marcada para o dia 10 de dezembro, em Estocolmo. “Absolutamente. Se for possível”, respondeu, no melhor estilo Dylan.
Nesta semana, o site do Prêmio Nobel publicou uma nota em que o americano de 75 anos diz aceitar o prêmio. “A notícia sobre o Nobel me deixou sem palavras”, afirmou, em conversa com Danius. “Fico muito agradecido pela honra”.
Edna Gunderson, que entrevistou Dylan para o “Telegraph”, disse que seu discurso realmente soava como o de uma pessoa agradecida por tamanho reconhecimento. “É difícil de acreditar. Foi uma sensação incrível. Quem sonha com algo assim?”, indagou o músico, homenageado por ter criado “novas expressões poéticas dentro da grande tradição da canção americana”.
Questionado sobre o sumiço e as recusas em atender as ligações da Academia Sueca ? Per Wastberg, membro da instituição, chegou a chamá-lo de “descortês e arrogante” ?, Dylan se recusou a dar maiores explicações. “Bom, eu estou bem aqui”, se limitou a dizer.
PRÊMIO EM DINHEIRO DEPENDE DE PALESTRA
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Com as manifestações públicas, crescem as especulações quanto a participação mais efetiva de Dylan na agenda do Prêmio Nobel. Para receber os US$ 900 mil que tem direito pela honraria, o americano precisa fazer uma palestra sobre literatura, segundo as regras da Fundação Nobel.
A ideia é discutir um tema que seja “relevante para a obra a que o prêmio foi concedido”, dentro de seis meses após o dia 10 de dezembro, data do aniversário de morte do fundador do prêmio Alfred Nobel.
“É isso que pedimos em troca”, disse Jonna Petterson, porta-voz da Fundação Nobel, acrescentando que Dylan também poderia optar por apresentar um show em vez de uma palestra. “Estamos tentando chegar a um acordo que funcione para ele”.
A palestra ? ou show ? também não precisa ser apresentada em Estocolmo. Quando a romancista britânica Doris Lessing ganhou o Nobel de Literatura, em 2007, estava doente demais para viajar. Por isso, enviou sua palestra para um editor sueco, que a leu durante a cerimônia oficial.
Ao longo dos anos, apenas seis homenageados recusaram o prêmio. Um deles foi o francês Jean-Paul Sartre, em 1964 ? anos mais tarde, enquanto passava por um período difícil, seu advogado pediu à Fundação Nobel, para enviar o dinheiro ao autor. Eles se recusaram.
A escolha de Dylan gerou controvérsias no mundo inteiro, com pessoas questionando se o trabalho do autor que qualificaria como literatura, e outros que defenderam que a Academia perdeu a oportunidade dar voz a artistas menos conhecidos.
