BRASÍLIA – Para tentar reverter o impasse com os chineses que bloquearam totalmente a importação de carne brasileira, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, fez uma conferência com a mídia da China. Ele colocou a culpa de toda a confusão causada em agentes da Polícia Federal e ofereceu aos chineses uma visita surpresa a qualquer fábrica do país para que atestem a qualidade dos processos.
? Podemos ir em qualquer planta sem avisar ninguém. Eu pessoalmente irei acompanhar ? disse o ministro durante a entrevista às agências internacionais.
China e Hong Kong suspenderam todas as compras de produtos não apenas dos frigoríficos investigados. Estão proibidas a importação de todo o país e de todo o tipo de carne.
Blairo falou da Operação Carne Fraca da Polícia Federal. Argumentou que o problema foi burocrático e não sanitário. Ressaltou que a Polícia Federal fez um comunicado nesta semana em que diz que a operação não investigando a questão sanitária. E falou que nesse quesito, há um controle seguro e eficiente.
Ele criticou os agentes que participaram da ação da PF. Disse que eles não souberam identificar procedimentos normais como, por exemplo, colocar cabeça de porco nas salsichas. Isso é permitido pela lei brasileira.
? Houve exageros. A forma que foi colocada não foi correta. As imputações foi feita sobre a qualidade de produto. Essa é a diferença que estamos tentando explicar para nossos clientes ?falou o ministro, que completou:
? As carnes são permitidas. Os investigadores não souberam diferenciar o que é legal do que é ilegal.
Outra polêmica causada pelos agentes da PF foi o uso do papelão. Em vez de estar misturado às carnes, um dos áudios da operação mostrava a discussão se era permitido entrar com o papelão na sala em que a carne é separada dos ossos. Nessa sala, onde a carne vai para um recipiente plástico, não pode ter nenhuma embalagem de papelão. O ministro ainda listou outros pontos de ignorância dos agentes:
? Falaram de substâncias que pode causar câncer nas pessoas. É um absurdo o que foi dito nessa operação.
Ele, entretanto, reafirmou que não é contra a investigação e que apoiará a ação da PF. Disse que uma força-tarefa revisa todo o sistema para ter certeza que os erros foram da parte burocrática e não da parte de saúde.
? A determinação é transparência absoluta neste processo.
Nesta tarde, ele viaja para Rio Verde para visitar um frigorífico com uma delegação chinesa. A mídia brasileira não participará do encontro.