Em um debate feito pelos membros “mais roqueiros” da equipe da Billboard, a popularidade do Paramore foi colocada como pauta para responder à pergunta “o Paramore é a maior banda de rock popular do século?”. Confira a tradução da matéria!
Na sexta-feira passada (12 de maio), os veteranos do rock alternativo, Paramore, lançaram seu quinto álbum, o miseravelmente contente After Laughter. O disco mostra a evolução do trio remanescente de um pop-punk impetuoso para um som mais maduro, acessível – mas não menos efervescente – e pop.
O CD mantém a sequência de bons discos da banda e prova o que seu som anterior – o auto-intitulado de 2013 – já havia sugerido: que o grupo conseguiria facilmente superar a fase pop-punk e continuar relevante e vibrante em sua segunda década como banda.
Foi um feito tão grande que nós aqui da Billboard decidimos que era hora de olhar para o currículo da banda e perguntar: o Paramore é a maior banda de rock popular do século? Dizemos “popular” apenas para compará-los de forma ampla; bandas que estão nas rádios, no topo das paradas e em festivais. Se uma banda tem ótimas críticas e uma boa base de fãs, mas não fazem parte do “mainstream” essas bandas não entram nessa discussão.
Mas quando falamos da melhor turma de rock comercial do milênio, onde o Paramore – que tem sucesso desde 2007 e estiveram no topo da Billboard – fica? Fizemos essa pergunta para os cinco membros da equipe mais rockeiros.
Chris Payne: Paramore é o segundo na minha lista, se estivermos enfatizando a palavra “popular” no sentido de muito conhecido, eles talvez passem o meu número 1, que é Vampire Weekend.
Mas sério, não se apeguem ao que falei do Vampire Weekend. Eles não têm feito nada parecido com o Paramore, apenas considere isso: de 3 álbuns, cada um vendeu mais que o outro em sua semana de estreia.
Paramore, que também é uma grande banda, fez sua carreira aperfeiçoando seu espaço na cena do rock. Eles não foram a primeira banda pop-punk a virarem “mainstream”, mas, eventualmente, eles superaram todos seus contemporâneos em vendas. É possível ver o progresso de Misery Business para Ain’t It Fun e Hard Times: eles querem inovar. Mas ainda não inovaram tanto quanto o Vampire Weekend.
Jason Lipshutz: Paramore teria ficado no topo da minha lista se uma certa banda indie-rock não tivesse se manifestado, essa banda é o Arcade Fire, que, para mim, tem mais atributos do que Hayley e companhia. Comparar os dois é um pouco difícil, um fica na frente do outro em cada requisito, mas prefiro a energia de “Wake Up” tocada ao vivo do que qualquer coisa que o Paramore tenha lançado.
Lyndsey Havens: Enquanto muitas bandas ficam na mesma, o Paramore decolou em seu segundo álbum. Misery Business e That’s What You Get estabeleceram uma forte personalidade, trazendo a banda para o nível de melhor banda de rock “mainstream” do século. Mas a primeira música, “For A Pessimist, I’m Pretty Optimistic,” se revelou ser um pouco alternativa, mesmo que sem intenção.
O próximo grande hit, “The Only Exception”, de 2009, soa como outra banda, letra emotiva e violões. Então veio “Ain’t It Fun” e “Still Into You”, duas canções bem pop. Agora, com o novo álbum, o Paramore segue esse caminho, ilustrado pelo primeiro single, “Hard Times”. Uma canção que gruda, mas é categorizada como rock.
Comparando-os ao Arctic Monkeys e The White Stripes, que lançaram ótimos discos – assim como o Paramore – a diferença está no ponto em que os dois mantiveram suas identidades rockeiras. Em “Rose-Colored Boy”, Hayley canta “I just killed off what was left of the optimist in me [Eu acabei de matar o que sobrou de otimista em mim]”, mas a batida alegre dos teclados e sintetizadores se opõe à letra.
Kevin Rutherford: E quem mais poderia ser? Não há outra banda de rock comercial que tenha conseguido o que eles conseguiram neste século.
Espera, droga, será que devo falar do Coldplay? Veja. O Paramore tem sido extremamente consistente desde a começo. “Misery Business” e “Crushcrushcrush” ainda funcionam. Sobre o álbum novo? É aconchegantemente perfeito. Há sim um argumento a ser feito sobre a relevância deles; ninguém pode dizer o contrário.
Mas o problema de dizer que eles são os melhores, implica numa visão baseada em gosto pessoal e não baseada em números. O que não é errado; por favor, vamos colocar a subjetividade na equação, senão “Party Rock Anthem” seria o hino da geração. No entanto, essa discussão também é sobre sucesso na indústria e aí vem o seguinte: o Paramore tem apenas um top 10 no Hot 100 e 0 no Alternative Songs, que era para ser a categoria da banda.
Enquanto isso, Coldplay: quatro top 10 na Hot 100, incluindo a número 1, “Viva La Vida” e três canções número 1 no Alternative Songs. É um dos maiores de todos os tempos na categoria Adult Alternative Songs. Quatro álbuns número 1 no Billboard 200 e o Paramore apenas um. E tudo isso ocorreu no século 21 (só não esqueçam que o Coldplay começou 5 anos antes).
Não tenho prazer algum em dizer isso. Mas o Coldplay tem boas músicas. “Fix You”, por exemplo. No geral, acho o Paramore melhor. É só que fica difícil discutir com o histórico do Chris Martin. Perdão.
Andrew Unterberger: Nunca pensei que minha resposta para a pergunta seria sim. Mas ao escutar o After Laughter – completando a sequência de 4 álbuns excepcionais da banda, ou 5, depende o quão generoso quer ser com o primeiro-mas-não-tão-bom “All We Know Is Falling’, de 2005. Comecei a fazer uma lista. Grande sucesso de começo de carreira? Checado. Um álbum que se tornou clássico? Checado. Dez anos de carreira consecutivos? Checado. Mudaram para o pop mas ainda são respeitados no rock? Checado. Evoluíram musicalmente? Checado.
São perguntas importantes, mas o que me fez ter certeza foi a maneira com que eles trabalharam com certas coisas nesses anos que passaram. Coisas como o cover de “Use Somebody” e o de “My Hero” – dois hits de outras bandas, mas que devem ser levados em conta aqui – ou coisas como “Decode”, o impecável single da trilha sonora de Crepúsculo, que foi levada mais a sério pelos fãs do que o próprio filme. Ainda temos os interludes com ukulele do auto-intitulado, que poderiam soar de forma errada, mas soaram como mais uma etapa vencida para o melhor álbum da banda.
Há alguns furos nessa teoria de que são os melhores do século – principalmente pela instabilidade dos membros que saem e voltam, deixando Hayley como a única participante constante no grupo. E como apontado anteriormente, outras bandas fizeram mais pelo rock no século 21 do que o Paramore, que seguiu seu molde de sucesso. Porém, se eu tivesse que apontar uma banda “mainstream”, inquestionável, que pudesse provar que esse milênio ainda produz grandes bandas de rock, seria a banda deles.