O que fazer depois que seu último disco vendeu milhões de cópias e o tornou uma das bandas de rock mais conhecidas do mundo? Para o Faith No More, o processo de criação do sucessor (e do sucessor do sucessor) de ?Angel dust? (1992) não teve nada diferente daquele dos seus outros trabalhos: a ordem era rasgar o modelo e começar tudo de novo. E assim eles foram por ?King for a day… Fool for a lifetime? (1995) e ?Album of the year? (1997), CDs que voltam agora ao mercado, em edições duplas, cheias de faixas extras.
? Eram os discos que queríamos fazer, da melhor forma que podíamos fazer ? garante, por telefone, o baterista (e um dos fundadores do grupo, em 1979) Mike Bordin, um cara para quem a palavra ?subestimado? não se aplica a esses dois álbuns. ? Ao longo do tempo, as pessoas se afeiçoaram às canções. Às vezes demora um tempo mesmo, e não é culpa de ninguém, as coisas são como são. ?King for a day…? é um dos meus álbuns favoritos, até hoje tocamos muitas músicas dele. Links Faith No More
A situação do Faith No More era deveras complicada quando entrou em estúdio para gravar o seu disco de 1995.
? Foi uma época em que fizemos muitas mudanças. Obviamente, Jim tinha saído de cena (o guitarrista Jim Martin, que foi demitido via fax por causa de ?diferenças musicais?), entrou um guitarrista que não conhecíamos (Trey Spruance, do Mr. Bungle, banda paralela do vocalista Mike Patton) e havia menos teclados (Roddy Bottum, o tecladista, passou muito tempo ausente do estúdio). Mas os discos do Faith No More sempre foram diferentes uns dos outros. Nós sabíamos que não ia ser um caminho fácil ? diz Bordin, que ainda passou por um acidente de carro com os outros músicos durante as gravações. ? O estúdio ficava no meio do nada, as estradas eram loucas e foi assustador. Houve muitos perus selvagens voando, mas por sorte ninguém se feriu.
Uma das faixas mais lembradas de ?King for a day…? é ?Caralho voador?, uma debochada tentativa de bossa nova com versos nonsense em português. Uma mostra do carinho da banda pelo público brasileiro, que recebeu o Faith No More com entusiasmo desde a sua primeira visita ao país, em 1991, no Rock in Rio (e a nova edição do disco traz a versão em português de ?Evidence?).
? Tem lugares em que você se sente musicalmente em casa. Foi assim na primeira vez em Londres, na primeira vez na Austrália, e no Brasil. Nós somos um bando de velhos de cabelos brancos tocando rock. E as pessoas nos dão atenção, seus corações e ouvidos, mentes e corpos ? festeja Mike Bordin, lembrando, entre risos, da queda no voo frustrado que Mike Patton empreendeu na direção do público, no Rock in Rio de 2015 (ele caiu em cima de uma grade). ? Aquilo foi péssimo! Você deveria ter visto os testículos dele depois! Fiquei surpreso de ele não ter se machucado de verdade.
E na gravação de ?Album of the year?, mais uma vez a banda teve contratempos:
? Eu já estava na banda de Ozzy Osbourne, Roddy estava com o (seu grupo paralelo) Imperial Teen, e Mike, com o Mr. Bungle. Mas foi a primeira vez que Billy (Gould, o baixista) teve a chance de produzir algo, o que foi muito importante, o primeiro passo para que tomássemos o controle das nossas próprias gravações.
Uma vez que não há planos imediatos de Patton para shows ou discos com o Faith No More, Mike Bordin, Billy, Roddy e Jon Hudson (que assumiu a guitarra da banda desde o disco de 1997) se divertem. Em agosto, eles se reuniram a Chuck Mosley (vocalista do grupo entre 1984 e 1988) em shows para celebrar o relançamento do álbum de estreia do grupo, ?We care a lot?, de 1985:
? Foi bizarro voltar a ?New beginnings?, ?The jungle? e ?Greed?, canções que nunca tocamos com Mike!