Cotidiano

Ato em São Paulo lembra os 24 anos do ?Massacre do Carandiru?

image (4).jpegSÃO PAULO – “Temos que lutar pelos mortos e pelos nossos”. Assim a fundadora do Movimento Mães de Maio, Débora Silva, deu início a um ato que lembrou os 24 anos do episódio conhecido como “Massacre do Carandiru”, na região central de São Paulo, na tarde desta quinta-feira. Ela e outras mulheres que perderam seus filhos durante episódios envolvendo policiais militares em São Paulo e no Rio de Janeiro se reuniram para pedir justiça em nome das vítimas.

O grupo também criticou a anulação do julgamento que condenou 73 policiais militares pela morte de 111 pessoas no então maior presídio da América Latina, em 1992.

– Além de termos bancada da bala no Senado e nas Assembleias Legislativas, agora temos a bancada da caneta assassina – bradou Débora ao se referir à decisão da Justiça de São Paulo. Seu filho morreu em maio de 2006 na capital paulista, quando 562 pessoas foram executadas em 11 dias.

O advogado Carlos Klomfahs, que representa a filha de um dos mortos no Carandiru, informou que entrou com ação na Vara da Fazenda Pública contra o desembargador Ivan Sartori, na última segunda. Ao votar pelo cancelamento do julgamento, o ex-presidente do TJSP disse que não houve massacre, mas legítima defesa. Klomfahs pede o montante de R$ 176,8 mil.

– Se isso não foi massacre, foi o que? – indagou ele, mostrando o laudo necroscópico de Antônio Quirino da Silva, morto com cinco tiros, um deles na nuca.

– Foi um desrespeito à memória das vítimas. Vamos dar mais um voto à justiça.

Moradora da favela de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, Ana Paula Oliveira teve o filho morto ao ser baleado pelas costas, em 2014. Jonathan tinha 19 anos. Um policial militar é acusado de ser o autor do disparo.

– Enquanto eu tiver saúde, vou ser a voz de Jonathan e de milhares que são tirados de suas famílias da forma mais covarde – afirma Ana Paula.

Os episódios de violência envolvendo policiais militares e estudantes secundaristas de São Paulo, durante manifestações contra a reorganização escolar na capital, em 2015, também foram lembrados.

Segundo Teresa Rocha, mãe de um dos integrantes do movimento de estudantes da rede estadual de São Paulo e que foi à Corte de Direitos Humanos da OEA denunciar abusos que teriam sido cometidos pela PM, o filho ainda sofre ameaças.

– A polícia tem um álbum de fotos de secundaristas – acusa ela, para completar:

– É matar um leão por dia.