Cotidiano

Ativistas acusam McDonald?s de usar pescado ilegal na Nova Zelândia

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RIO ? Um memorando vazado por organizações não governamentais da Nova Zelândia coloca em xeque a preocupação do McDonald?s com a sustentabilidade. O documento produzido pelo governo local aponta que a rede multinacional de lanchonetes está entre os compradores de peixes de fornecedores que maquiaram dados e cometeram atos ilegais, como o despejo de grandes quantidades de rejeitos e pesca em áreas proibidas, que ameaçam uma rara espécie de golfinho.

Ativistas exigem que o McDonald?s pare de comprar de fornecedores da Nova Zelândia e lançaram uma campanha pedindo que os consumidores não comam o sanduíche de filé de peixe até que a rede de lanchonete se comprometa a encerrar os contratos.

? As pessoas podem votar com suas carteiras e mandar uma forte mensagem ao governo e à indústria pesqueira da Nova Zelândia ? disse Barbara Maas, da organização Nabu International. ? Nós não estamos atacando o McDonald?s, eles têm uma grande oportunidade de fazer a coisa certa e trazer mudanças reais para a indústria pesqueira da Nova Zelândia. Eles podem dizer que ajudaram a salvar os golfinhos Maui, e como isso seria bom para a marca?

Um estudo publicado esta semana alerta para o problema da pesca ilegal nos mares do país, concluindo que a quantidade de pescado é 2,7 maior que os números reportados pela indústria, informa a BBC. Os dados corroboram o memorando elaborado pelo Ministério para Indústrias Primárias, datado de julho de 2013 e vazado esta semana, que aponta inúmeras irregularidades no setor, comprovando, por exemplo, que a indústria pesqueira descarta rotineiramente redes repletas de peixes de volta ao mar, mesmo em frente às câmeras de órgãos fiscalizadores.

Os inspetores do governo parecem preocupados que imagens capturadas por câmeras instaladas em cinco barcos pesqueiros vazassem para a imprensa. Eles especulam que a revelação das práticas ilegais poderia causar dano não apenas para a indústria pesqueira da Nova Zelândia, mas para a economia como um todo.

?O pior cenário seria uma grande companhia internacional, como o McDonald?s, se refusando a comprar nosso peixe não sustentável?, diz o memorando.

O foco do memorando está no peixe conhecido como ?hoki?. À BBC, o McDonald?s informou que este pescado da Nova Zelândia reponde por 8% da demanda da rede. A indústria local tem certificações de sustentabilidade fornecidas pelo Marine Stewardship Council, mas existem dúvidas sobre a veracidade dos dados repassados há algum tempo. Já em 2009, a rede britânica de mercados Waitrose recusou o pescado por causa da técnica usada em sua captura, conhecida como rede de arrasto.

Além das práticas ilegais, o memorando do governo chama atenção ao impacto da pesca nas populações de golfinhos Maui e Hector, ameaçadas de extinção. Em 2012, dois golfinhos foram capturados em redes de pesca e morreram, mas apenas um dos casos foi relatado às autoridades.

Um porta-voz do governo informou que não iria se manifestar até que o conteúdo do documento vazados fosse revisado. Já o ministro responsável pelo setor de pesca, Nathan Guy, negou que as autoridades estariam cooperando com a indústria para acobertar práticas ilegais e não sustentáveis.

? Não houve acobertamento ? disse Guy à imprensa local. ? Essas são investigações internas, rascunhos, que infelizmente vazaram.

O McDonald?s informou que confia no Marine Stewardship Council, que assegurou que o pescado da Nova Zelândia era sustentável.

?Nós entendemos a importância de se proteger a vida selvagem marinha, especialmente espécies ameaçadas que compartilham o oceano com peixes que usamos em nosso cardápio?, disse a companhia, em comunicado. ?A indústria de hoki da Nova Zelândia é considerada uma das mais bem mantidas e controladas do mundo e foi uma das primeiras a ser certificada pelo Marine Stewardship Council?.