RIO – Se você acha complicado apontar seu pior defeito sem apelar para ?perfeccionismo?, prepare-se para a lista a seguir. Levantamento da consultoria britânica Glassdoor publicado pelo jornal ?Independent? reuniu as 20 perguntas mais difíceis feitas em entrevistas de emprego. Entre as questões, há pérolas como ?o que no seu currículo é mais próximo de uma mentira? ? eleita a mais capciosa de todas ? e ?como seu inimigo descreveria você??, na terceira posição. O segundo lugar ficou com a indecifrável ?em que estou pensando agora??. A técnica não é exclusividade das empresas do Reino Unido: no Brasil, perguntas desse tipo também são usadas por recrutadores para avaliar candidatos, e quem está em busca de uma vaga deve estar preparado para este tipo de situação.
Segundo Paulo Sardinha, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro (ABRH-RJ), perguntas inusitadas são usadas com frequência por entrevistadores. Não há certo ou errado. Normalmente, a empresa quer entender o comportamento do candidato, sem dizer exatamente o que está procurando.
? Quando você faz uma pergunta dessas, não quer saber a resposta, mas sim a criatividade, a rapidez do pensamento do candidato. É uma forma de avaliar algumas características de forma indireta, por uma questão de sigilo no processo ? explica o especialista.
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No Brasil, questões éticas são recorrentes em processos seletivos, conta Sardinha. Perguntar se o candidato subornaria o guarda se fosse parado em uma blitz dirigindo sem habilitação é um dos clássicos. Outra comum: o que você faria se encontrasse dinheiro na rua? Embora as respostas corretas pareçam óbvias, o consultor explica que o entrevistador observa tudo, inclusive traços de hesitação.
? O bom entrevistador tem ouvido treinado e chega perto de um acerto muito grande para diferenciar o que é verídico e o que não é. Tem o feeling natural, além de técnicas que ele é preparado. Quando você faz entrevistas dá para perceber que perguntas causam sensação de incômodo, como as pessoas reagem ? explica. ? Uma coisa é dizer um ?não? com certeza e outra é hesitar.
E o que fazer diante de uma pergunta pegadinha? Segundo Sardinha, o importante é manter a calma, em vez de dizer a primeira coisa que vem à mente. Até um honesto ?não sei responder isso? vale.
? É admissível que ele diga: ?nunca pensei sobre o assunto, deixa eu pensar um pouco mais?. Uma pessoa que, diante de uma situação, não tem uma resposta de bate-pronto e para para pensar, diria que é mais bem percebida que uma pessoa que dá uma resposta sem pensar. Seria uma reação pouco racional ? afirma o especialista.
Na dúvida, a dica é ser direto, lembrando que quem está do outro lado do balcão está atento às fragilidades do entrevistado e provavelmente perceberá quando o candidato não tem nada a dizer.
? A postura correta, objetiva, ética, sincera, é fundamental. Via de regra, o candidato tem do outro lado um entrevistador muito mais preparado que ele, uma pessoa que já passou por várias experiências. O atalho é falar a verdade, valorizar as qualidades, admitir os defeitos. Às vezes é preciso cinco minutos para o recrutador decidir se o candidato vai ser aprovado ou não.