Cotidiano

Artista plástico Sérvulo Esmeraldo morre aos 87 anos

2011061567994.jpgRIO ? O escultor, gravador, ilustrador e pintor cearense
Sérvulo Esmeraldo morreu nesta quarta-feira, às vésperas de completar 88 anos, devido
a complicações de um acidente vascular cerebral (AVC) sofrido no fim de
semana.

Sérvulo Esmeraldo viveu em Paris de 1957 a 1980. Depois deste período, voltou a
morar em Fortaleza. Foram tempos em que consolidou seu nome como um dos grandes
nomes da arte cinética no Brasil, deslanchada por Abraham Palatnik nos anos
1950. A inspiração, contudo, veio da infância na sua Crato natal.

? Venho do Cariri, e em Juazeiro do Norte existe uma
tradição centenária de gravura popular. Foi meu primeiro contato com a arte.
Era, entre aspas, um brinquedo. Mas no fundo não era ? contou o artista em
entrevista ao GLOBO em 2011, quando ganhou uma retrospectiva na Pinacoteca de
São Paulo e lançou um livro com imagens de todas as fases de suas obras e textos
críticos de Frederico Morais, Fernando Cocchiarale e Agnaldo Farias, com
organização de Aracy Amaral.

Quando se mudou do Nordeste para São Paulo, em 1951, Sérvulo pretendia cursar
Arquitetura. O destino quis que ele não passasse na prova.

? Percebi imediatamente que não era o meu caminho.

Sérvulo não se limitava a uma arte específica: ao longo
da vida, trabalhou com desenhos, pinturas, gravuras, objetos e esculturas. Em
1962, Sérvulo criou seu primeiro objeto cinético, ?O escriba?, com ímãs
escondidos sob uma caixa, que, acionados por um motor, moviam pedaços de
metal.

MARCA PRÓPRIA

Apesar do reconhecimento no Brasil, a obra do artista
reverberou mais na França, onde ele criou centenas de excitáveis, com papéis,
fios ou pedaços de madeira que, presos a pregos, projetam sombras que também se
movimentam. Foi com essa série que ele imprimiu uma marca própria, com economia
de recursos e simplicidade técnica que se tornaram constantes em sua
trajetória.

Foram três as participações do artista na Bienal de São
Paulo: em 1961, 1963 e 1987. Em 2010, ele foi homenageado no festival @rt
Outsiders, na Maison Européenne de la Photographie em Paris, com uma edição
especial toda dedicada aos excitáveis. Três anos depois, foi um dos 150 artistas
contemplados na exposição ?Dynamo ? A century of light and motion in art,
1913-2013?, realizada no Grand Palais, também em Paris, ao lado de nomes como
Julio Le Parc e Anish Kapoor.

Seu legado também está em obras fixas, que não exigem
interação. Muitas maquetes de esculturas que produziu se transformaram em obras
públicas, presentes em sua maior parte no Ceará.