BRASÍLIA ? O Senado retoma as votações nesta terça-feira, depois de 12 dias de descanso prolongado do Carnaval. O governo está preocupado com as discussões na Câmara da reforma da Previdência, mas no Senado há resistências dentro do próprio PMDB, o partido do presidente Michel Temer. Na volta das sessões de debates nesta segunda-feira, o senador Paulo Paim (PT-RS) anunciou que já conseguiu 30 assinaturas de apoio à abertura de uma CPI da Previdência. Mas Paim quer ter 35 assinaturas garantidas para apresentar o ofício pedindo a criação da CPI. Previdência – 06.03
O temor de Paim é que o governo pressione parlamentares a retirar assinaturas. São necessárias pelo menos 27 assinaturas para formalizar o pedido.
? Quero garantir essas assinaturas e dar entrada, para a gente abrir, de uma vez por todas, com total transparência. Quem roubou, quem sonegou, onde está a fraude, onde estão os R$ 426,3 bilhões que estão lá em dívida ativa, e por que é que não pagam ? disse Paim, em plenário.
Na última sexta-feira, o site do GLOBO, em análise, já havia antecipado a conquista de Paim.
? Calculem que querem votar essa reforma agora, entre abril e junho. Países que aprofundaram o debate da reforma demoraram mais de 10, 15, 20 anos, e nenhuma é tão cruel como essa. Será que o Brasil é o pior país do mundo? Só mesmo um presidente que tem 1% de apoio popular ? disse Paim.
O petista ainda chamou de “terrorismo” a campanha veiculada PMDB nas redes sociais afirmando que sem a reforma da Previdência até o Bolsa Família seria prejudicado. O tom foi criticado por peemedebistas, como o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), que gravou vídeo afirmando que a proposta é “bastante exagerada” e que ela será mudada pelo Congresso.
? Olhem a divulgação que eles estão colocando nas ruas, nas praças e nos jornais: “Se a reforma da previdência não sair, tchau Bolsa Família, adeus Fies, adeus estradas”. Isso aqui é terrorismo ? disse Paim.
Mas entre senadores do PMDB e do PSDB há resistências. Nos bastidores, senadores dizem que não vão arriscar sua campanha de 2018 votando algum impopular.
? O diálogo do governo sobre isso é muito ruim ? disse um senador tucano.
Antes da reforma da Previdência, no Senado o governo ainda tem um desafio antes: a votação da proposta sobre novas regras para repatriação de recursos do exterior. A expectativa é que a votação ocorra nesta quarta-feira e que seja aprovado o texto que veio da Câmara, proibindo a repatriação para políticos e seus parentes.
? A tendência é aprovar o texto da Câmara ? disse um aliado de Temer.
Mas há integrantes do PMDB que queriam restabelecer o texto do Senado, que permitia a repatriação para parentes de políticos.