RIO ? Menos de três meses depois de tocar no teatro Municipal com o pianista Cristian Budu, o violoncelista pernambucano Antonio Meneses volta ao mesmo palco, nesta quarta-feira, para se apresentar com a Orquestra Gulbenkian, de Lisboa, regida pelo americano Lawrence Foster. Num momento em que a Orquestra Sinfônica Brasileira cancela sua agenda por falta de verbas e a incerteza paira sobre a programação cultural da cidade, o concerto que encerra a programação 2016 da Série O GLOBO/Dell?Arte faz as vezes de um interregno de qualidade.
Meneses interpretará, aqui, o Concerto para violoncelo em ré menor, op. 37, do francês Édouard Lalo, obra que esteve no repertório de alguns dos maiores violoncelistas da história, como o espanhol Pablo Casals ? ?Ele começou a carreira com ela?, conta Meneses ? e os franceses Pierre Fournier e Paul Tortelier, mas que acabou sendo substituída no interesse pelos concertos posteriores de Shostakovich e de Elgar para o instrumento.
? O Lalo é mais conhecido talvez por uma obra para violino, a Sinfonia espanhola para violino e orquestra, mas este concerto para violoncelo está no catálogo de quase todos os violoncelistas, é muito bonito e interessante. O primeiro movimento é um pouco dramático, mas o segundo e o terceiro são mais leves. Ele se utiliza bastante, neles, da música espanhola, popular no período. Foi a época, por exemplo, em que Bizet compôs ?Carmen?.
O concerto de hoje inclui ainda as obras para orquestra Sinfonia nº 8 em Si menor, D. 759 (?Inacabada?), de Schubert, e a Sinfonia nº 8 em sol maior, op. 88, B. 163, de Dvorák.
GRAVAÇÕES EM JANEIRO
Radicado na Suíça, Meneses aproveita sua passagem pelo Brasil para se encontrar com o pianista e arranjador André Mehmari. Em janeiro, os dois gravam um CD no estúdio do músico fluminense na Serra da Cantareira, em São Paulo ? nas palavras de Meneses, ?um encontro entre dois mundos?.
? Vamos reunir o meu, clássico, erudito, e o dele, popular, fazer uma espécie de troca-troca, em que entrarão Bach (a Toccata em Dó) e composições do André ? adianta ele.
Também devem ser incluídas no disco canções de Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Piazzolla. O violoncelista, que já tocou esporadicamente algo do repertório popular (como uma transcrição de Francisca Aquino para ?Carolina?, de Chico Buarque) está animado com a perspectiva.
? Vai ser um trabalho em que vou me aprofundar mais, pegando o que há de mais clássico na música popular. A ideia é apresentá-lo ao vivo. Se fosse na Europa já estaria tudo marcado ? diz.
Orquestra Gulbenkian com Lawrence Foster e Antonio Meneses
Onde: Teatro Municipal ? Praça Floriano s/nº, Centro (2332-9191).
Quando: Hoje, às 20h.
Quanto: De R$ 50 a R$ 500.
Classificação: Livre