BRASÍLIA ? Alvo de processo disciplinar no Conselho de Ética do PR que pode resultar em sua expulsão da sigla, a deputada Clarissa Garotinho (RJ) divulgou nota na manhã desta quarta-feira defendendo que um partido deve ser um ambiente democrático de debate que não anule ?divergências tópicas?. Na nota, Clarissa afirmou que sempre optará por estar do lado da sua consciência e da defesa dos direitos do povo brasileiro ?custe o que custar?. O procedimento acusa Clarissa de ter desrespeitado o fechamento de questão da legenda a favor da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que fixa um teto para os gastos públicos por 20 anos
Clarissa informou que foi comunicada pelo PR sobre a abertura do processo disciplinar na tarde de terça-feira. A deputada disse que lhe causou estranheza o pedido feito pelo deputado Vinicius Gurgel (PR-AP), o mesmo que, para proteger o deputado cassado Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara, foi acusado de permitir a falsificação de sua assinatura em requerimento. Na ocasião, Gurgel justificou dizendo que assinou o documento ?bêbado e sob forte efeito de remédios?, por isso da diferença de assinaturas.
?Talvez esse sim caso de expulsão?, reagiu Clarissa.
Na nota, a deputada faz críticas à PEC 241 e afirma que não vai compactuar com a proposta que, segundo ela, diminui por 20 anos investimentos públicos, em saúde e educação, que impede a valorização real do salário mínimo e congela o salário dos servidores.
?Essa PEC apenas garante valores para pagamento de juros da dívida pública, ou seja, dinheiro para banqueiro. Para se ter ideia, segundo projeções feitas pela consultoria legislativa, a PEC se aprovada resultaria em menos R$ 300 bilhões na área da saúde pelos próximos 10 anos. A PEC não trata somente de se proibir gastar mais do que se arrecada. A PEC diz que se o país voltar a crescer, todo o dinheiro resultante deste crescimento tem que ir para pagar juros da dívida. Não concordo com isso. Acredito que nenhum país sai de qualquer crise sem um forte investimento em infraestrutura, saúde e educação?, diz a nota.