Cotidiano

Aliados cobram que Temer não se envolva em operação para salvar Cunha

BRASÍLIA. Os quatro partidos que formavam a velha oposição ao governo Dilma e adeririam à gestão Temer – PSDB, DEM, PSB e PPS, estão incomodados com as movimentações do Palácio do Planalto para sepultar a cassação de Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara.

Os líderes das legendas pediram uma reunião com Temer “o mais rápido possível” para esclarecer se há envolvimento dele ou de ministros palacianos. Há possibilidade de o encontro ocorrer ainda nesta quarta-feira.

O deputado Pauderney Avelino (AM), líder do DEM, disse que há um clima de desconfiança com relação a uma eventual operação para ajudar Cunha patrocinada pelo Planalto.

Pesa neste ambiente de suspeitas a reunião na última segunda-feira entre os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Marcos Pereira (Indústria), que é presidente do PRB. O encontro, ocorrido à tarde no Palácio do Planalto, se realizou um dia antes do começo da votação do relatório que pede a cassação de Cunha no Conselho de Ética.

Apesar de Padilha dizer que na reunião foram tratados apenas assuntos governamentais, aliados na Câmara acham que o período para o encontro foi o pior possível e consideram improvável que os dois políticos não tenham tratado do voto decisivo que cabe à deputada Tia Eron (PRB-BA).

— Estamos muito irritados com essa situação toda. Vamos ver o que o presidente tem a nos dizer. Receber Marcos Pereira na véspera do Conselho de Ética é colocar o voto da Tia Eron dentro do Palácio do Planalto— disse um tucano que pediu reserva ao GLOBO.

O presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), disse ter convicção de que o Planalto está atuando para ajudar Cunha.

— Pereira é chamado ao Planalto para conversar com Padilha e querem dizer que é assunto administrativo? Não existe Papai Noel em junho — disse o parlamentar.

O grupo vai cobrar, ainda, posição do governo quanto à Presidência da Câmara. Estes partidos querem que o Planalto ajude na articulação para decretar vacância do presidente da Casa e, com isso, realizar novas eleições.