Toledo – Os futuros médicos da UFPR (Universidade Federal do Paraná) receberam oficialmente ontem o novo espaço para que seus estudos e suas pesquisas sejam desenvolvidos. O espaço improvisado que veteranos e calouros utilizaram no começo da graduação ficou para trás e faz parte de uma história de muita luta e força para que a cidade do interior do Estado formasse seus primeiros médicos.
Ainda muito recente, o câmpus se concentra apenas no curso de Medicina desde 2016. Neste ano abrirá 60 vagas que serão divididas entre o primeiro e o segundo semestre do ano.
O prédio que agora abriga os acadêmicos de Medicina foi idealizado, executado e doado à Universidade Federal pela Indústria Farmacêutica Prati Donaduzzi, uma das maiores da América Latina, com sede em Toledo. A obra e todos os recursos para a construção do espaço, que terá 9 mil metros quadrados quando concluído, foram doados pelo casal Luiz e Carmen, fundadores da empresa e idealizadores do Biopark.
As novas instalações terão capacidade de receber um número maior de estudantes, além de oferecer tecnologia e as condições laboratoriais necessárias. A sede conta com salas de aula, laboratórios, centro cirúrgico, sala de parto, enfermagem, UTI e outras. A primeira fase da construção é apenas um trecho do que ainda será uma cidade, gerando aproximados 30 mil novos postos de trabalho.
A obra foi anunciada pelo casal doador um ano atrás. A construção não teve pausa até que no exato prazo previsto fosse entregue. Uma lição que as obras públicas podem aprender com a iniciativa privada.
Os 70 homens que trabalharam na obra ocupavam as primeiras fileiras e foram os primeiros citados em um discurso de agradecimento feito pelo idealizador do Biopark e fundador da indústria farmacêutica, Luiz Donaduzzi: “Ninguém é capaz de algo tão grandioso sem uma ajuda especializada e com uma dedicação que surpreende pela qualidade e pela boa energia empregada em cada um dos detalhes dessa obra. Cada um dos operários, técnicos e colaboradores teceram esse sonho e a esses eu devo imensa gratidão”.
Luiz disse que a doação é parte de um legado que ele e a esposa deixam para a cidade que os acolheu e os ajudou na construção da indústria que hoje é fonte de renda para milhares de famílias, das mais várias formas. “O valor de um empreendimento não está em quantas máquinas tem e muito menos na fatura mensal, mas a quantas famílias essa empresa serve. O valor social e moral suplanta qualquer outra moeda e é nisso que investimos”, destaca.
Ao lado dos colegas de trabalho, o carpinteiro Vagner Nogueira ouvia atento, pois sonha que sua filha, de cinco anos, um dia faça parte da turma de Medicina: “Eu faço cada detalhe pensando que, assim como abriga o sonho de tantos jovens, um dia será palco da realização do sonho da minha pequena”.
Tempo e ferramentas
Reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca não escondeu o orgulho de ter assumido o promissor projeto: “Uma universidade que brota vigorosa e cheia de vida como a plantação de soja que a cerca. Preservando as origens, vocações, talentos e permitindo que esse futuro seja construído com tantas mãos. Precisamos honrar aqueles que acreditaram no que parecia impossível e também aqueles que chegaram depois, mas que nem por isso tiveram uma luta menor ou de desigual importância”.
Gratidão jovem
Os acadêmicos manifestaram a gratidão com uma ferramenta que conhecem bem: a tecnologia. Um vídeo descontraído e preparado pelos próprios estudantes trouxe à cerimônia o agradecimento da geração que ganhou uma oportunidade única. Entre frases de agradecimento e votos de devolução social de todo aprendizado, eles se apresentaram aos líderes e empresários que já trabalhavam pela vinda do curso e estrutura quando muitos desses agora alunos ainda eram crianças, marcando o encontro de várias gerações.