O que esperar do agro para 2050? Para responder essa pergunta, nada mais pertinente que chamar os principais especialistas do setor em uma rodada de debate. E foi isso que o Codesc (Coordenadoria de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Cascavel) fez ao promover nesta quarta-feira o Tendência Codesc Agro 2050, construindo caminhos para a sustentabilidade e inovação. O evento também contou com a presença do prefeito eleito, Renato Silva e do atual secretário de Agricultura, Renato Segala.
Na abertura, Marco Portes, coordenador da Câmara Técnica da Agropecuária da Codesc e diretor de Agronegócio da Caciopar 2024/25, iniciou a explanação citando o book de 900 páginas reconhecendo a vocação de Cascavel para o agro. “Vivemos um momento de grandes transformações não somente no campo mas em vários outros segmentos”.
Portes citou o Brasil como protagonista do abastecimento mundial de alimentos, título ostentado que só aumenta a responsabilidade perante o mundo. “A tecnologia tem proporcionado mudanças incríveis e soluções inimagináveis nos últimos anos”.
Entre os principais desafios e oportunidades para 2050, ele apontou a busca por alternativas visando suprir a carência alimentar de população estimada em 9 bilhões de habitantes. “A expansão da bioeconomia e a perfeita simbiose entre produtividade e preservação ambiental são alguns dos pontos importantes para o futuro”. Para ele, essa soma de fatores vai tornar o agro mais eficiente e sustentável.
Há uma necessidade premente de entregar mais que alimento no futuro, na visão de Portes. “É preciso solidificar os projetos em três importantes vertentes: inovação, planejamento e sustentabilidade”. Ao fim do pronunciamento, o coordenador da Cãmara Técnica de Agropecuária do Codesc espera que o evento seja um marco de inovação do agronegócio para as próximas gerações.
Na sequência, o vice-presidente da Codesc, Ricardo Lora, que assumirá a coordenadoria em janeiro do ano que vem, destacou a força do Codesc com a participação de mais de 60 entidades e sete câmaras técnicas. Destaco a importância de sempre tornar o agronegócio mais forte e inovador. “Que esse evento seja inspiração e ponto de partida para muitas outras mudanças”.
O atual presidente da Codesc e gestor do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento) em 2025, Alci Rotta Junior, disse que o Tendências Codesc escolheu esse ano a Câmara Técnica do Agro, diante da importância desse setor para a economia do Município. O Oeste do Paraná cresce muito acima do Estado e em nível nacional. O Paraná teve crescimento de 5%, o Brasil, 2,5% e a região 8%. “Dentro do Programa Oeste em Desenvolvimento incluímos como nova diretriz a inovação e tecnologia na produção de proteínas e temos certeza que esse é o caminho para construir uma sociedade mais sustentável e produtiva”.
A primeira palestra da programação foi ministrada por Marcos Ferronato, da NetWord, abordando o tema Biocompetitividade no Brasil. Para os próximos 25 anos, o grande dilema do agronegócio será obter mais rentabilidade em vez de ficar restrito à produtividade. “O atual modelo surgiu para gerar produtividade a agora é preciso pensar em algo para gerar mais renda no campo”. Ele abordou os principais ciclos produtivos no Brasil, como o da cana de açúcar, café, borracha e cacau. “Todos tiveram uma vida útil de 120 anos e sucumbiram pelo mesmo motivo: nosso produto ficou mais caro de produzir do que o preço pago internacionalmente”, exemplifica.
Agora, estamos no ciclo da soja, com 60 anos de produção comercial. “Não quero ser o cavaleiro da morte mas se nada for feito, ocorrerá a mesma coisa com a soja”. No entendimento de Ferronato, é preciso mudar o modelo de manejo e gestão e focar na parte econômica.
As demais palestras foram AgroTech – Inovação e Inteligência no Campo, com Maurício Schneider e a Tendências do Agro Brasileiro, com participação online de Paulo Herrmann, PH Adivisory Group. Ao fim, o mediador Sérgio Altavini conduziu um Talk Show com os palestrantes respondendo perguntas e debatendo com o público presente.