Lideradas pelas cooperativas do agronegócio, as 221 cooperativas paranaenses vinculadas ao Sistema Ocepar devem alcançar faturamento de R$ 76,2 bilhões em 2018, o que representa um crescimento de 8,5% em relação a 2017, quando o setor faturou R$ 70,3 bilhões. A estimativa foi apresentada durante o Fórum dos Profissionais de Finanças, que envolveu 80 pessoas, entre profissionais que atuam em diversos ramos do cooperativismo paranaense, agentes financeiros de diferentes instituições e representantes de outras entidades parceiras. “Nós temos um cooperativismo organizado que vai retomar o seu crescimento com consistência, cautela, tranquilidade e profissionalismo”, disse o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken.
Ele lembrou ainda que, além da expansão para este ano, o setor continua empenhado em atingir o faturamento de R$ 100 bilhões até 2021, como previsto no PRC 100, o planejamento estratégico do cooperativismo paranaense.
Ricken frisou que essa meta será alcançada com forte investimento em profissionalização. “Este ano devemos passar de 8,3 mil eventos realizados em formação profissional e promoção social, com mais de 130 mil horas de capacitação. Temos em andamento 61 cursos de pós-graduação com as melhores universidades do Brasil e algumas do exterior. Nós acreditamos que, com planejamento, profissionalização, apoio e credibilidade podemos crescer e dar consistência às atividades que nossos cooperados de todos os ramos realizam no Paraná”, acrescentou.
Preocupações
Apesar do bom desempenho do cooperativismo paranaense, o presidente do Sistema Ocepar disse que o momento atual do País traz algumas preocupações. “Uma delas é a questão de logística, que vem apresentando um encarecimento cada vez maior, principalmente em relação ao transporte”.
disse que semana passada esteve em audiência com o presidente da República, Michel Temer, e com líderes da OCB e cooperativas de diversos estados para tratar do tabelamento dos preços mínimos de frete. “A solução que o governo encontrou naquele momento de crise, quando houve a paralisação dos caminhoneiros, em maio, foi a proposta de um tabelamento. Nós achamos que isso não vai resolver o problema, explicamos os impactos dessa medida e solicitamos uma decisão urgente. Essa é uma dificuldade que temos que superar para que tenhamos uma safra cheia, com todos os instrumentos necessários para que seja mais uma vez bem-sucedida”, ressaltou.
Documento
No fim de seu pronunciamento, Ricken entregou um documento ao secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wilson Vaz de Araújo, solicitando que seja retomado o financiamento de assistência técnica com recursos do crédito rural. “O critério para esse tipo de financiamento foi alterado, mas nós entendemos que isso pode trazer insegurança para as cooperativas, e para o próprio sistema financeiro. Sei que essa proposta não saiu do Ministério da Agricultura, mas nós gostaríamos de reforçar a necessidade que os bancos possam financiar a assistência técnica como sempre ocorreu, principalmente nesse momento em que o risco é cada vez maior, inclusive os de ordem jurídica. Se não tivermos uma assistência técnica garantida, talvez até o Ministério Público comece a questionar a forma como estamos usando os defensivos. O profissional da assistência técnica assume essa responsabilidade, pois ele assina os projetos e também faz o acompanhamento, por isso nós consideramos importante esse apoio”, finalizou.
Números
O coordenador de Desenvolvimento Cooperativo, João Gogola Neto, apresentou os indicadores do cooperativismo paranaense, com dados consolidados de 2017. De acordo com ele, o crescimento do cooperativismo paranaense projetado para este ano deve ocorrer se o cenário atual for mantido em relação ao mercado, produtividade da safra de grãos e à questão operacional das cooperativas. “Mudanças políticas e econômicas tendem a impactar em nossas projeções, mas o cenário com relação ao faturamento demonstra que as cooperativas do Paraná, neste ano, retomam o seu crescimento com relação a faturamento”, disse.
Segundo Gogola, nos últimos anos, as cooperativas do Paraná vinham numa trajetória de crescimento de dois dígitos no faturamento. Porém, em 2017, foi registrado um índice de 1,3% em comparação a 2016. Um dos principais fatores que explicam esse resultado foi o fato de que muitos produtores não comercializaram boa parte dos grãos devido aos baixos preços de mercado. “Portanto, um volume significativo de produto, o que equivale a aproximadamente R$ 5 bilhões, ficou estocado e acabou por não ser agregado ao faturamento do ano passado”, sublinhou.
“Cabe destacar que as nossas cooperativas, mesmo dentro de um cenário de incertezas, sejam políticas ou econômicas, vêm se mantendo ainda em capitalização plena, ou seja, elas vêm aumentando o seu patrimônio líquido, que é o seu capital próprio, que, no último ano, apresentou crescimento acima de 12%. E por que as cooperativas continuam com essa política de capitalização? Justamente para fazer frente ao planejamento estratégico”, explicou.
Crescimento sustentável
Segundo o coordenador de Desenvolvimento Cooperativo, João Gogola Neto, existem um planejamento estratégico cuja meta é chegar a um faturamento de R$ 100 bilhões. “Essa cifra é secundária. Queremos alcançar esse valor de forma sustentável e estruturada. Por isso, as cooperativas têm os seus planejamentos estratégicos e precisam investir, sejam nas unidades ou então até mesmo no aprimoramento dos projetos de industrialização. E, para dar suporte a esse planejamento, o plano de capitalização das cooperativas está sendo mantido. Cabe ressaltar que a maior parte dessa capitalização tem origem na geração de resultados das cooperativas. As cooperativas de crédito também necessitam dessa política de resultados”, destacou.
Com relação aos resultados, de 2016 a 2017, as cooperativas do Paraná registraram um crescimento de 2,5%, passando de R$ 2,8 bilhões para R$ 2,9 bilhões, “O que extraímos desse percentual? Como nós tivemos uma velocidade maior de crescimento de resultado frente ao do faturamento, isso demonstra que as cooperativas se tornaram mais eficientes, sob a ótica operacional, profissional, ou seja, conseguiram gerar mais mesmo com um volume menor de crescimento de faturamento”, frisou.
Mais números
O coordenador de Desenvolvimento Cooperativo, João Gogola Neto, destacou ainda outros números do cooperativismo paranaense. De acordo com ele, o valor recolhido pelo setor, em impostos, cresceu 2,5%, passando de R$ 1,99 bilhão, em 2016, para R$ 2,04 bilhões, em 2017.
Os ativos registraram aumento de 10,1%, saindo de R$ 81 bilhões, em 2016, para R$ 89,1 bilhões, em 2017. Já o número de cooperados cresceu 5,9%: era 1,4 milhão, em 2016, e fechou em 1,5 bilhão no ano passado.
O setor também responde pela geração de 93 mil empregos diretos.
Ainda de acordo com ele, o ramo agropecuário se destaca por responder por mais de 82,15% da mão de obra empregada pelas cooperativas em todo o Paraná e também por 82,4% do faturamento total do setor. Já o ramo crédito detém o maior número de cooperados do cooperativismo paranaense. São 1,3 milhão, o que corresponde a 86,4% do total.