Agronegócio

Safra de inverno: A um mês do plantio, cenário do trigo é incógnita no oeste

Expectativa inicial do Deral é para queda de área na maior região produtora do Estado

Em alguns pontos da região terra começa a ser preparada, mas cenário do trigo ainda é incerto/ Foto: Aílton Santos
Em alguns pontos da região terra começa a ser preparada, mas cenário do trigo ainda é incerto/ Foto: Aílton Santos

Cascavel – Em um mês a região oeste inicia o plantio do trigo nesta safra de inverno e as condições relacionadas à área ainda são uma incógnita para quem faz as pesquisas no setor.

Conforme o engenheiro agrônomo Hugo Godinho, do Deral (Departamento de Economia Rural), muitos produtores ainda vivem a incerteza comum acerca da semeadura já que essa é uma cultura de alto risco e de mercado incerto.

No Estado, preliminarmente, trabalha-se com a possibilidade de manutenção da área, que foi de quase 1,1 milhão de hectares em 2018, garantindo uma produção na casa das 3 milhões de toneladas em um cenário de produção brasileira que não ultrapassa as 6 milhões de toneladas diante das 11 milhões de consumo interno.

Na região oeste, onde a cultura teve área recorde em 2018, alcançando 195,6 mil hectares com produção de 650 mil toneladas, há uma expectativa de retração de lavouras, mas ainda não se fala em percentuais. “A leitura que temos é do mês de fevereiro e certamente isso muda agora, em março. O mais adequado é esperar esse novo levantamento porque se observa um grande número de produtores em dúvida”, reforçou.

Ainda segundo o engenheiro agrônomo, em todo o sul do Paraná, onde o trigo pode ser cultivado até julho, ainda há muita indecisão. “O mesmo ocorre no oeste quando o assunto é a incerteza, mas ali o cultivo começa no fim de abril. Por mais que exista uma projeção para a compra dos insumos, há o registro de muitos produtores que não iriam plantar e que acabam cultivando”, revela Godinho.

Cotações

Outro fator que pode influenciar o cultivo são os preços elevados. “Por outro lado, se sabe que os valores são maquiados. Na hora que o trigo começa a entrar no mercado [na colheita] os preços voltam a cair”, lembra.

O agrônomo considera a possibilidade de produtores que cultivaram o milho safrinha mais cedo ainda terem tempo hábil para semear o trigo, mas não acredita que essa possa ser uma decisão em massa. “Cultivar o trigo após a colheita do milho safrinha poderia retardar o cultivo da soja lá na frente, então acaba não sendo tão interessante para muitos produtores”, esclarece.

Outro fator que pode interferir no cultivo diz respeito às facilidades de acesso do trigo norte-americano pelo mercado brasileiro, cuja medida está sendo discutida nesta semana pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, naquele país. Hoje o principal fornecedor do trigo ao Brasil é a Argentina, que acaba ditando as regras para os preços.

A expectativa, no entanto, é para que a maior interferência ocorra caso os EUA passem a exportar trigo para o Brasil, numa diminuição de área por aqui.

Agricultura avança em conhecimento e tecnologia

Neste Dia Mundial da Agricultura (20 de março), uma pergunta fica no ar: há ou não motivos para comemorar no campo? Quem responde é o presidente da Areac (Associação Regional dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel), engenheiro agrônomo Cesar Davi Veronese, profissional com uma ampla experiência na área e que, assim como muitos, encontrou na região oeste do Paraná um lugar para escrever a sua história e da agricultura. “Temos vários motivos, principalmente por conta da persistência do agricultor em tentar produzir sempre mais, não deixando de zelar do meio ambiente e também por conta desse processo de modernização da agricultura, com a participação cada vez mais intensa do engenheiro agrônomo na pesquisa e desenvolvimento científico, difusão de tecnologias e extensão rural”, destacou.

“Ao aliar conhecimento e tecnologia, surgem também novas cultivares com maior potencial produtivo e sementes transgênicos, fundamentais no controle de pragas e doenças e para a redução do uso de defensivos agrícolas”, comenta.

Para Veronese, sem o papel do engenheiro agrônomo, dificilmente a agricultura estaria no patamar de hoje, com o Brasil já superando os americanos em produtividade de grãos.

Hoje o Paraná conta com 14 mil engenheiros agrônomos estabelecidos nos 399 municípios. Na área de abrangência da Areac, compreendendo 19 municípios da microrregião de Cascavel, são aproximadamente 700 engenheiros agrônomos.

Importância

A agropecuária paranaense teve em 2018 um faturamento bruto de R$ 69 bilhões, com a soja em destaque, apresentando evolução de 9,15% na arrecadação e produção recorde de R$ 23,9 bilhões, números que colocam o Paraná como segundo maior produtor de grãos do País. Para 2019, as perspectivas são de alta de 2% no faturamento bruto provenientes da lavoura e da pecuária no Estado.

A prática da agricultura na história foi o passo decisivo para o desenvolvimento humano. Para além dos alimentos produzidos para uso dos seres humanos e dos animais, a agricultura produz também mercadorias tão diferentes como flores e plantas ornamentais, fertilizantes orgânicos, produtos químicos industriais, fibras, combustíveis e outros.

Reportagem: Juliet Manfrin