Iniciativas de promoção do vinho brasileiro no mercado externo e a boa safra gaúcha da bebida fizeram com que a exportação de vinhos brasileiros crescesse em 2018. De acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o envio de vinhos tranquilos e espumantes brasileiros para outros países teve alta de 39,3% em volume e 32,8% em valor no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2017. Os produtos vinícolas foram comercializados para 29 países, somando 1.593.137 litros e negócios de US$ 3,6 milhões.
Os principais destinos dos vinhos brasileiros foram Paraguai, Estados Unidos, Cingapura, Colômbia e Reino Unido. Outro ponto que colaborou expressivamente para a expansão foi o projeto setorial Wines of Brasil, iniciativa de promoção comercial dos vinhos, espumantes e sucos de uva brasileiros no mercado externo, desenvolvida desde 2002 entre o Ibravin e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil)
De acordo com o instituto, a parceria respondeu por 85% do total de exportações. No segundo semestre de 2018, a expectativa é de que o envio dessas bebidas brasileiras para o exterior continue crescendo. A América Latina é uma das regiões-chave para atingir esse objetivo. Em 2017, os latino-americanos absorveram 41,3% do total global de vinhos negociados. A logística e o perfil de produto são atrativos do continente. Portanto, a tendência é de reforço de estratégias comerciais nessa região.
Quem obteve o maior crescimento foram os espumantes, com alta de 61,2% em litros e 29,2% em valor entre janeiro e junho de 2018. Os vinhos tranquilos, no entanto, seguem com a maior fatia das exportações, e tiveram um incremento de 37,4% no volume e 33,6% nas vendas.
O Brasil teve uma forte produção de vinhos em 2017. O setor teve um aumento de 169% no volume de vinhos produzidos no ano passado – em 2016, foram 1,3 milhão de decalitros e no ano subsequente, 3,4 mhl, segundo a Organização Internacional do Vinho (OIV). Em contrapartida, a produção mundial da bebida foi a menor em quase 60 anos.
Longa trajetória no Brasil
Os vinhos possuem uma antiga história no Brasil. Ela data de séculos atrás, quando os portugueses ainda colonizavam o país. Em 1640 havia vários vinhedos em São Paulo e nas regiões ao entorno. Ao longo dos anos, a bebida ganhou status, mas a produção manufatureira foi barrada com um alvará em 1785, brecando a produção nacional. No século seguinte, no entanto, a bebida, presente em lares brasileiros e armazenada em locais específicos, como a adega, começou a ressurgir.
Os responsáveis foram os italianos. Os milhares de imigrantes passaram a criar vinhedos na Serra Gaúcha, região que hoje é tida como uma das melhores para a produção de vinhos no Brasil. Ao longo do século 20, a produção foi profissionalizada com a introdução de técnicas específicas e a formação de cooperativas e entidades. A chegada de multinacionais, nesse contexto, fez com que os vinhos importados fossem considerados com mais qualidade.
Hoje, no entanto, o mercado vinicultor brasileiro se fortaleceu. Existem, no país, cerca de mil vinícolas espalhadas por várias regiões, entre elas a Serra Gaúcha. Os pesquisadores e os institutos especializados na bebida propagaram o estudo científico do vinho no Brasil. Com um mercado altamente qualificado, o país se tornou um grande destino para o enoturismo, com pequenas e grandes vinícolas abertas para visitação e com atividades que incluem desde caminhadas entre os vinhedos até degustação de vinhos de uma determinada região.
Tal expressividade também se revela nos rankings mundiais. Em 2017, o espumante brasileiro Casa Perini Moscatel, produzido pela vinícola Perini, ganhou o título de quinto melhor vinho do mundo pela Associação de Jornalistas e Escritores de Vinhos e Licores (WAWWJ), que elege anualmente os 150 melhores vinhos do mundo. Ao todo, 11 vinhos nacionais figuram na lista – todos espumantes. Esse tipo de concurso é polêmico. Alguns especialistas dizem que a competição pode ser entendida mais como uma estratégia de marketing. Apesar disso, a expressividade dos vinhos brasileiros no mercado internacional é grande – e a tendência é aumentar nos próximos anos.