Educação

“Fake News” podem prejudicar aluno na preparação para o Enem

Saber se prevenir é fundamental para ter um bom resultado no exame

“Fake News” podem prejudicar aluno na preparação para o Enem

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma das provas que mais utiliza a habilidade de interpretação de texto dos estudantes e a capacidade de fazer conexões com acontecimentos recentes. Por este motivo, ler jornais com frequência e estar informado sobre os últimos debates públicos é primordial para mandar bem na redação do Enem e nas demais questões das provas, sobretudo aquelas da área de humanas.

Mas, na ânsia de ser a pessoa mais informada, o estudante pode cair em uma armadilha fatal: as notícias falsas, também conhecidas como fake news. Esse fenômeno tem tomado as redes sociais nos últimos anos. O pano de fundo são as discussões políticas polarizadas, tanto no Brasil como em outros lugares do mundo, como os Estados Unidos e o Reino Unido. Em 2016, com a eleição de Donald Trump, surgiram uma enxurrada de notícias falsas tanto contra como a favor do candidato. Em um artigo publicado em janeiro de 2018, intitulado “Selective Exposure to Misinformation: Evidence from the consumption of fake news during the 2016 U.S. presidential campaign”, os autores detectaram, no entanto, que os mais conservadores estavam mais suscetíveis a notícias falsas na eleição presidencial que permitiu a ascensão de Trump.

Aqui, as notícias falsas passaram a se disseminar de forma mais acentuada a partir de 2014, com informações deturpadas sobre Dilma Rousseff e Aécio Neves, na época candidatos ao planalto. Em 2018, os embate políticos levaram a uma nova onda de fake news com a eleição presidencial que culminou com a vitória do capitão reformado Jair Bolsonaro. Mas não é só em eleições que as notícias falsas aparecem.

O plebiscito do Brexit, para decidir se o Reino Unido permaneceria ou não no bloco da União Europeia, também foi marcado por informações deturpadas e notícias falsas. Como exemplo, a revista britânica The Economist citou o fato da campanha pelo Brexit ter disseminado a informação falsa de que a permanência da Grã-Bretanha na União Europa “custava 350 milhões de libras por semana aos cofres públicos” e que o dinheiro – após a eventual saída do bloco – seria destinado ao serviço público de saúde.

Todas essas fake news podem confundir o estudante e o induzir ao erro ao citar algum dado inverídico na redação do exame, por exemplo. A onda de desinformação, portanto, pode ser fatal e inviabilizar um bom resultado. Em alguns casos, o estudante pode até perder uma vaga em uma universidade pública ou particular, já que programas federais de ingresso à universidade utilizam como base a nota do exame para distribuir as vagas disponíveis aos candidatos.

Como se prevenir das fake news?

Devido ao impacto na vida dos candidatos ao Enem, é importante saber como identificar as notícias falsas e estar sempre bem informado sobre os acontecimentos atuais. Para isso, você precisa de uma boa dose de ceticismo e desconfiança. Primeiro porque nem tudo que é compartilhado pelas redes sociais é verdade; elas são só um meio para a distribuição de informações, sejam elas falsas ou não.

É por essa confusão que muitos se deixam levar por informações recebidas pelo Whatsapp, com o único objetivo de ludibriar o leitor. Para evitar cair nessas armadilhas, eleja veículos tradicionais de imprensa para se informar. Por causa de uma onda de descrédito com a mídia tradicional, alguns estudantes deixam de se informar por esses canais. É um erro que trazer consequências negativas para os seus estudos. Dificilmente um órgão de imprensa conhecido, com estrutura jornalística robusta, vai disseminar fake news.

Os veículos de imprensa possuem métodos próprios de checagem e seguem preceitos jornalísticos para a apuração, concorde você ou não com o posicionamento explícito ou implícito de determinado jornal. Eles são mais confiáveis do que um blog cuja autoria você não consegue averiguar. Também tenha muita atenção com a linguagem do texto. Com o objetivo de chamar a atenção e provocar uma histeria popular, as publicações falsas costumam ter muitos adjetivos e pontos de exclamação. A linguagem jornalística não é conhecida por essa abordagem.

As fontes e referências citadas no texto também são indicativos de credibilidade. Mas atenção: um texto falso pode atribuir uma fala a uma pessoa indevidamente. Portanto, outra dica para checar se aquela informação realmente é verdadeira é fazer uma busca para saber se outros veículos conhecidos de informação estão falando desse mesmo assunto. Quando a informação é verídica e relevante, é comum que vários veículos de informação também repercutam aquela notícia, a não ser que ela seja um furo jornalístico – termo para uma informação exclusiva.

Normalmente, os veículos que propagam publicações falsas carecem de informações de contato – como nome dos jornalistas responsáveis, e-mail, endereço comercial e CNPJ. Na dúvida, você também pode tentar encontrar esses dados sobre o canal do qual você suspeita. Por fim, visite sites especializados em checar falas de políticos e fake news, como as agências de checagem Aos Fatos e Agência Lupa. Os sites e-farsas e boatos.org, destinados a desvendar os boatos que rondam a internet também podem ser de grande ajuda. Todo cuidado é pouco – por isso, na dúvida, não compartilhe.