Os idosos são especialmente atingidos pela pandemia de coronavírus. São os mais afetados pelo distanciamento social, porque para grande parte deles essa medida interrompeu rotinas sedimentadas muitas vezes por décadas. Além disso, embora as chances de contágio pelo novo coronavírus sejam as mesmas para todos, os idosos têm um maior risco de agravamento da doença.
Por isso, as universidades estaduais do Paraná desenvolvem ações voltadas à saúde física e mental das pessoas nesta faixa etária. As atividades são desenvolvidas por profissionais da área da saúde, contratados pelo Governo do Estado como bolsistas.
Desde o mês de abril, 1,2 mil bolsistas atuam em projetos de extensão em diferentes frentes, voltados ao combate e à prevenção da Covid-19 em diversas frentes, coordenados por professores das universidades estaduais e da Universidade Federal do Paraná. A proteção aos idosos é uma dessas frentes.
Um exemplo dos benefícios desta ação é de Adelino Morales Rodrigues, de São João do Ivaí (Noroeste), que trabalha como caseiro em uma ilha no Rio Ivaí. Ele precisou de atendimento após um acidente em casa. Uma equipe de bolsistas o atende no conforto do lar. “Aqui estou longe dessa pandemia”, diz Adelino, citando o risco de se contaminar, caso fosse até a cidade todas as vezes em que precisou trocar o curativo. O atendimento rural é uma das frentes da atividade, coordenada na região pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
A Universidade Estadual de Londrina (UEL) organizou um atendimento específico para os idosos que estão isolados em casa. O primeiro contato é por telefone, a partir de uma lista cedida pelo Serviço Social da prefeitura. “A gente identifica quem são, a idade, doença crônica, os fatores de risco relacionados principalmente à saúde”, explica Laísa Ferreira, enfermeira, que participa do projeto.
Após a primeira ligação, a conversa passa a abordar a rede de apoio, identificando a necessidade para alimentos e produtos de higiene, por exemplo. A partir daí, fazemos visitas para entregar as cestas e os mantimentos”, conta Laísa. O atendimento conta também com psicólogos, para quem são encaminhados os idosos com queixas ou sintomas relacionados à saúde mental.
O acompanhamento psicológico de idosos que vivem na área rural de Ponta Grossa é o objetivo de um projeto da Residência Multiprofissional em Saúde do Idoso do Hospital Universitário da UEPG. Idosos, que já eram atendidos em seus domicílios, passaram a ser monitorados por telefone.
“A ideia é diminuir as chances de contaminação, ao mesmo tempo em que mantêm o contato com o público atendido pelos projetos de extensão da universidade”, explica a pró-reitora de extensão e assuntos culturais da UEPG, professora Clóris Grden.
Nas ligações, os profissionais checam a saúde física e mental dos pacientes, e nos casos em que é preciso um atendimento presencial, uma equipe vai até as casas para atender os idosos, que muitas vezes vivem sozinhos.
MEMÓRIAS – A Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp) desenvolve o projeto Naquele Tempo, que reúne relatos de idosos da região para compor um resgate da memória coletiva do Norte Pioneiro. O professor James Rios, diretor de cultura da Uenp, conta que o projeto busca resgatar a experiência dos idosos que, segundo ele, foram os mais atingidos pelo isolamento social durante a pandemia.
“Essas pessoas tiveram as suas atividades paralisadas e com isso, obviamente, houve também uma redução da qualidade de vida. Então, o projeto teve como primeiro objetivo ser um alento”, explica. Outra meta é o registro dessas memórias, para repensar e recontar a história da região.
Idealizado pela reitora da instituição, professora Fátima Aparecida da Cruz Padoan, o projeto conta com a participação da Editora Uenp, assessoria de Comunicação e Pró-Reitoria de Extensão e Cultura.
LITORAL – No Litoral do Paraná, um grupo de costureiras que participa do programa Couro do Peixe, da Unespar, também se mobilizou para atender a demanda por máscaras de tecido para a população. Selma Alves Leite e Serli Salvador são duas das voluntárias que dispuseram seu tempo e mão-de-obra para proteger pessoas.
“Costuramos, mas cada uma em sua casa. Não nos juntamos para trabalhar”, conta Selma. Somente quando as máscaras estão todas prontas, uma das voluntárias passa para pegar o que foi produzido e encaminhar para distribuição.
As doações de tecidos e elásticos foram reunidas pela professora Katia Kalko Schwarz, coordenadora do Programa Couro do Peixe. Para Serli, o trabalho voluntário realizado durante esse período de isolamento social traz benefícios para as pessoas em situação de vulnerabilidade social, que recebem as máscaras, mas também para quem participa da produção.
UNIVERSIDADE ABERTA – Cinco universidades estaduais contam com o programa Universidade Aberta para a Terceira Idade (Unati). Na UEM, são 1079 idosos matriculados, na UEPG são 589, mais 184 na Unioeste, 157 na Unicentro e 150 na Unespar.