Curitiba – O Paraná continua registrando recordes negativos. Ontem, o Estado alcançou 1.071 pessoas na fila de internamento, das quais 519 precisavam ir para a UTI, cuja taxa de ocupação voltou a 97%, mesmo com a abertura de 242 leitos UTI em apenas duas semanas. Havia apenas 40 leitos “disponíveis”, conforme o boletim da Sesa (Secretaria de Saúde). No total, eram 4.446 pessoas internadas, das quais 1.706 em UTIs.
Embora todas estejam em situação crítica, o cenário mais dramático continua sendo na Macro-Oeste, onde havia quatro leitos de UTI “vagos” e 134 pacientes à espera de internamento em UTI e outros 113 aguardando leitos clínicos.
Segundo o diretor de Gestão em Saúde da Sesa-PR, Vinicius Filipak, essa proporção com mais pessoas infectadas e precisando de internamento aconteceu por causa da cepa amazônica do coronavírus, que está mais forte. “A proporção é a mesma, o que nós temos de característica é que o vírus é mais forte, os pacientes internam em maior quantidade, atingindo faixas etárias menores e com muito mais gravidade. A demanda de UTI é muito maior do que tínhamos no ano passado”, alertou.
O Estado, conforme Filipak, conseguiu ampliar leitos de enfermarias em algumas regiões. Isso ajudou de forma paliativa. “É mais simples fazer ampliação de leitos de enfermaria. Com o aumento de quantidade de leitos de enfermarias, a fila de espera teve redução pequena em relação à da UTI”.
Limite máximo
Apesar do esforço para que os leitos sejam criados, o diretor da Sesa afirma que o Paraná chegou ao limite máximo. Ele reforça o medo de que o Estado não tenha capacidade para atender a todos que precisam. “É impossível e irresponsável dizer que teremos leitos de UTI para todos. Isso não ocorrerá. Estamos no limite máximo”, disse.
Conforme Filipak, a criação de leitos não depende apenas da estrutura. “É uma ação muito complexa, que demanda estrutura física e equipamentos, mas também pessoal. Já não há capacidade do sistema de saúde para fazer fácil essa ampliação”.
Filipak explicou também que a superlotação dos hospitais não se restringe ao SUS. “Quando existe uma superlotação com excesso de pacientes, isso ocorre tanto no privado quanto no SUS. O coronavírus é uma doença que atinge todas as classes e vai atingir pacientes que dependem do SUS ou aqueles que tenham acesso à medicina complementar. Estamos em uma situação de limite final da capacidade de assistência”.
Pouca chance
Outro alerta que Vinicius Filipak repete é quanto à probabilidade de não sobreviver, mesmo que consiga um leito de UTI: “De todos os pacientes internados por causa da covid-19, 25% não sobrevivem. Quando esse internamento é feito em UTI, 40 a 45% não sobrevivem. É uma doença que tem uma imprevisibilidade muito grande na reação de cada pessoa contaminada”, alertou o diretor da Sesa.
Paraná tem 189 mil casos ativos
Outro recorde alcançado ontem pelo Paraná é o total de casos ativos, com capacidade de transmissão. Eram 189.299, o mais alto desde o início da pandemia, e 90% maior que o observado no início do ano. Além disso, havia ainda 17.822 exames em análise.
A Secretaria de Estado da Saúde informou ontem mais 2.019 casos de covid-19 e 19 óbitos, elevando para 722.990 o total de infectados no Paraná, dos quais 12.505 não sobreviveram.
Os casos divulgados são de março (1.837), fevereiro (151) e janeiro (14) de 2021, o restante do ano passado.
Dos óbitos, tratam-se de 11 mulheres e oito homens, com idades que variam de 39 a 88 anos. Os óbitos ocorreram de 16 de dezembro de 2020 a 8 de março de 2021.
Na região
Cascavel voltou a registrar novo recorde de óbitos. Foram informadas ontem mais 13 vítimas da covid-19, sendo sete homens e seis mulheres, a mais jovem de 45 anos. Uma morte havia ocorrido em fevereiro, em uma UPA, e as demais são de março. O total já é de 386 mortes na cidade.
Foz do Iguaçu registrou mais seis mortes, totalizando 444 óbitos em decorrência da covid-19. Tratam-se de três homens e de três mulheres, todos acima dos 73 anos.
Ainda liderando a quantidade de casos ativos na região, com 2.128 pacientes com capacidade de transmitir o vírus, Toledo confirmou quatro mortes, elevando para 155 o total de óbitos em decorrência de complicações causadas pela covid-19.
Vacina
Até o fim da manhã dessa segunda-feira, o Paraná havia aplicado 517.520 doses da vacina contra a covid-19, sendo 394.448 da primeira dose e 123.072 da segunda. Portanto, 394.448 pessoas já foram vacinadas no Estado. O Paraná recebeu 853 mil doses de vacinas do governo federal.
MPs cobram transferência de pacientes
O Ministério Público do Paraná, por meio das Promotorias de Justiça de Proteção à Saúde Pública de quatro macrorregiões de Saúde do Estado (Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel), ajuizou nessa segunda-feira (8) ação civil pública em face da União e do Estado do Paraná para buscar garantir o mais pronto atendimento possível a pacientes que aguardam por leitos de UTI e de enfermaria, ainda que por meio de hospitais de campanha ou de encaminhamento para outros estados menos afetados com a grave crise sanitária imposta pela pandemia de covid-19.
No documento, o MPPR, em conjunto com as Defensorias Públicas da União e do Estado do Paraná, requer que a União requisite leitos de UTI em hospitais particulares de qualquer localidade no País que estejam aptos a receberem os pacientes que não encontram vagas na rede hospitalar paranaense. Além disso, ao ente federal é requisitado que forneça os recursos necessários para que o Paraná implemente Centro de Referência Emergencial e Provisório, com estrutura de UTI e enfermaria, enquanto durar a situação de calamidade pública.
Outra providência solicitada é a contratação emergencial de UTIs aéreas para a efetivação de voos entre as regiões do Estado e/ou de outras unidades da Federação onde houver unidades hospitalares aptas a receberem pacientes.
Na ação, é requerido ainda que o governo do Estado prorrogue, para além desta quarta-feira, a vigência do Decreto Estadual 6.983/21, que impõe medidas mais restritivas para o combate à pandemia.