Médicos do Paraná, representados pelo Simepar (Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná), defendem um lockdown urgente e de pelo menos duas semanas para conter o avanço da covid-19. O Simepar se mostra totalmente contrário à retomada das aulas presenciais e a reabertura dos serviços não essenciais, que aconteceram nesta quarta-feira (10), afirmando que isso terá um efeito ainda mais devastador na tentativa de diminuir o colapso no sistema de saúde (só nesta terça 1,2 mil pacientes aguardam na fila por um leito).
Um estudo, assinado por especialistas das áreas de matemática, estatística, infectologia, imunologia e biologia, que utilizou o mesmo modelo aplicado na capital do Amazonas, aponta que a capital paranaense, por exemplo, pode ter mais de 80 mortes por dia se nada for feito.
Em entrevista à Banda B nesta quarta-feira, a secretária geral do Simepar, Claudia Paola Carrasco Aguilar, afirmou que o posicionamento da classe médica é pela adoção de medidas mais restritivas com urgência. “Os casos só aumentam e a cidade continua aberta? Enquanto não fecharem, a contaminação vai acontecer. A variante de Manaus se espalha mais e agrava casos, especialmente de pacientes jovens. Estamos bem preocupados e defendemos um lockdown mais rígido, porque não adianta ficar abrindo leito, já que nem profissionais de saúde suficientes se têm”, argumentou.
Para a médica, a situação é de esgotamento para os profissionais de saúde. “Os profissionais estão esgotados. São vários afastados por contaminação e as equipes estão deficitárias. Já se foi um ano de trabalho esgotante, física e mentalmente. Não está fácil trabalhar na linha frente e tem sido doloroso ver pacientes morrendo sem o devido tratamento, já que os hospitais estão lotados”, pontuou.
Enquanto o mundo retrocede, o país avança em número de casos de covid-19. De acordo com a médica, fruto de uma má gestão na pandemia. “O problema é a falta de vacina. Uma quantidade muito pequena de pessoas vacinadas e hoje só o isolamento social garante, mas não é cumprido. É preciso vacinar, porque assim teremos controle da situação. Hoje quem vacina pelo mundo começa a regredir no lockdown. Aqui a perspectiva de chegada de vacinas não é boa e isso vai aumentar a contaminação, mortes de pacientes e esgotamento dos profissionais de saúde”, concluiu a médica.
Estudo
Curitiba vai enfrentar uma nova onda da pandemia com um pico de mortes até quatro vezes maior que os registrados em 2020. O alerta é do mesmo grupo de pesquisadores que previu a segunda onda da pandemia em Manaus, entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano. A partir desta quarta-feira (10), o Estado do Paraná, incluindo Curitiba, retoma as atividades após um “lockdown” de 12 dias. Em Curitiba foi anunciado um novo decreto, com toque de recolher entre 20h e 5h. As atividades comerciais voltam a funcionar com restrição de horários. Bares, eventos e casas noturnas seguirão suspensos.
Para os pesquisadores, as medidas não serão suficientes para evitar o avanço da doença conforme o modelo estatístico. As análises da evolução temporal das curvas epidemiológicas de casos expostos, infectados e recuperados apontam crescimento acelerado de mortes previstas para o fim de março e início de abril, com uma média diária entre 80 e 90 óbitos, podendo chegar a 100 mortes por dia. Os dados foram coletados desde o início da pandemia até o início de março deste ano.
Matéria do Portal da Rádio Banda B.