Saúde

Após dois anos de pandemia, uso da máscara deve acabar?

Conforme o vereador, a proposta se baseia na queda das internações pela a doença e na quantidade de paranaenses imunizados, mais de 80%

Após dois anos de pandemia, uso da máscara deve acabar?

 

 

Cascavel – Neste mês de março se completam dois anos da decretação da pandemia que trouxe muitas mudanças na vida da população mundial. A partir de então, a máscara passou a ser um dos itens obrigatórios e, junto com a álcool em gel e depois as vacinas, uma forma eficaz de enfrentamento à Covid-19. Depois de tantos altos e baixos nos índices e contaminação, ocupação de leitos e, infelizmente, óbitos, além de diversas variantes do vírus, a queda do número de casos e a expansão da vacinação trouxe questionamento sobre a continuidade e obrigatoriedade do uso das máscaras. E, tanto estados quanto municípios já se mobilizam para derrubar ou modificar as leis que estabeleceram a obrigatoriedade.

Assim como em diversos municípios, em Cascavel, ontem (10), foi protocolado um projeto de lei que propõe que seja retirada a obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre que passaria a ter seu uso de forma facultativa. O projeto, assinado pelo presidente da Câmara Municipal, o vereador Alécio Espínola, agora segue para análise das comissões antes de ser colocado em discussão e votação no plenário.

Conforme o vereador, a proposta se baseia na queda das internações pela a doença e na quantidade de paranaenses imunizados, mais de 80%. Ele disse que recebeu muitos pedidos por parte da população, que vem alegando o fato de se sentirem desconfortáveis em utilizar máscaras nos parques, praças e pistas de corridas. Pelo projeto, continuaria a valer a obrigatoriedade para locais fechados, como transporte público, escolas, supermercado, bancos e demais espaços que não possuem ventilação.

 

Liberação

Em Marechal Cândido Rondon, ontem (10) passou a valer decreto assinado pelo prefeito Marcio Rauber, que torna não obrigatório o uso de máscaras em local aberto ou fechado. A decisão leva em consideração o índice da população de 18 anos ou mais que já está vacinada com a primeira e a segunda dose contra a Covid-19.

A utilização de máscara ainda é obrigatória às pessoas que se encontrem infectadas ou com suspeita de contaminação, grupos de risco e imunossuprimidos, independentemente da idade, e para os profissionais da saúde, das redes pública e privada.

 

No Paraná

Já o Governo do Estado encaminhou ne quarta-feira (9) um projeto de lei para a Assembleia Legislativa que propõe deixar como prerrogativa exclusiva do Poder Executivo os critérios sobre a utilização do uso de máscara facial durante a pandemia. O texto também revoga a lei que impõe o uso obrigatório da máscara no estado, por meio da lei n° 20.189, de 28 de abril de 2020.

A proposta agora segue a tramitação interna do Legislativo para posterior votação e, se aprovada, sanção do governador Ratinho Junior. Somente após esse trâmite a Sesa definirá os detalhes sobre o uso da máscara. A ideia, num primeiro momento, é permitir a circulação de pessoas em espaços externos sem o equipamento de proteção individual.

“A máscara foi uma peça muito importante durante todo o combate à doença, mas com um alto índice da população vacinada, a eficiência dos imunizantes e a conscientização das pessoas, podemos avançar, seguindo o que já ocorre em outros países como França, Estados Unidos e Israel”, argumentou o governador.

Chegou a hora de tirar a máscara?

 

A reportagem do Jornal O Paraná ouviu algumas autoridades ligadas à saúde sobre o tema e a maioria se coloca a favor. Miroslau Bailak, secretário de Saúde de Cascavel, disse que a cidade está com números extremamente baixos e aqueles que aparecem de casos novos, na verdade, são registros dos dias anteriores que ainda não foram contanilizados, já que são encaminhados de todos os locais aos poucos. “Me parece e, com muita clareza, que a pandemia terminou”, afirmou Bailak.

Ele disse que como representante municipal, é importante aguardar uma decisão do governo estadual, já que o Estado fez a lei determinando a obrigatoriedade de deixar de usar e que pode ser que nos próximos dias já tenha uma decisão, Mas, segundo ele, “é possível deixarmos de usar a máscara sem restrições”.

O conhecido médico e professor acadêmico, Rodrigo Nicácio, também acredita que este é o momento de deixar de usar, já que os números são favoráveis e os indicadores estão em queda em todo o território nacional. Outro fator importante, segundo ele, é que não há notícia de novas variantes que venham a comprometer os sistemas de saúde no momento. “Esperamos dois anos por esse momento e precisamos respirar sem máscaras com segurança”, reforçou.

Ele acredita que em algumas situações a máscara deve ser mantida, como para os imunodeprimidos, pessoas com comorbidades, com sintomas gripais ou com esquema vacinal incompleto. Ele acredita ainda que o próximo passo a ser dado, e ainda neste mês de março, será a desmobilização de estruturas para atendimento de casos de Covid-19, principalmente de UTI.

Lísias Tomé, médico cardiologista e diretor do Hospital de Retaguarda, também é a favor do fim da obrigatoriedade do uso da máscara, principalmente devido a quantidade de pessoas que estão imunizadas. “Está na hora de liberar o uso. Aqui no hospital já percebemos a queda do número de internados. Acho que a doença vai se manifestar agora de forma mais grave, aqueles que não fizeram nenhuma dose da vacina”, analisou.

 

“Paciência”

A diretora da 10ª Regional de Saúde, Lilimar Mori, disse que estão surgindo diversas discussões acerca do tema da desobrigação, mas que existe um comitê central ligado à Secretaria Estadual de Saúde que analisa os dados, taxas de ocupação de leitos, índice de vacinação e transmissão e esse comitê é que vai determinar uma proposta da suspensão do uso das máscaras.

“Nossa opinião e dos técnicos da Regional é de aguardar o parecer que será encaminhado a Assembleia Legislativa que vai debater o assunto, para estarmos seguro de proceder da mesma forma em todo estado”, analisou a médica. Para ela, nesse momento é importante ter cautela, respeitar as demandas dos órgãos para todos estarem com a mesma opinião, inclusive a própria Sesa, que iniciou este debate em cima dos dados de como está a doença.