Na série de entrevistas com os vereadores de Cascavel, Paulo Porto destaca as principais ações do mandato voltadas à Educação, como presidente da Comissão de Educação da Câmara, e à defesa dos camponeses e dos sem-terra. Porto ainda afirma que, apesar das polêmicas, não sairá do partido ao qual pertence, o PCdoB e não deve ser candidato, como muitos dos vereadores, à Assembleia Legislativa.
Bandeiras históricas
“É o nosso segundo mandato consecutivo, e continuamos defendendo bandeiras históricas, com as mesmas perspectivas, com um mandato ligado aos camponeses e aos trabalhadores sem-terra. A gente entende que existem projetos que já foram aprovados e que nós vamos continuar apoiando, como a agricultura familiar, o não uso de agrotóxicos. Acredito que seja um mandato muito ligado às demandas populares e, principalmente, à Educação”.
Caixa preta
“Temos um mandato colado nas demandas da rede municipal de Educação. Avalio coisas boas e ruins que ocorreram no ano passado. Finalmente conseguimos abrir a caixa preta da Semed [Secretaria Municipal de Educação]. O que nos revelou um balcão de negócios que era mantido pela antiga gestão. E nos perguntam por que só agora estamos fiscalizando. É porque só agora temos acesso às informações. Antes, não tínhamos acesso aos dados, era muito difícil. A parte boa é entender que essa gestão não tem compromisso da máfia que foi a administração do Edgar e do Valdecir Nath”.
Transporte escolar
“Ainda no início de 2017 pedimos todas as planilhas a respeito da fiscalização do transporte escolar dos anos anteriores. E para nossa surpresa não havia registros que comprovassem fiscalização. Os dados foram apagados. Sendo que, teoricamente, havia dois fiscais liberados da Semed para fazer esse serviço. Aí a Secretaria fez uma força tarefa para conferir o serviço e foi constatado que pagamos quilômetros a mais do que realmente a empresa faz por dia, o que já denunciávamos há muito tempo. Oficialmente, pagávamos aproximadamente R$ 2 milhões a mais por ano sem necessidade. Encaminhamos ao Ministério Público e esperamos que a investigação ande”.
Terceirização da merenda
“Houve uma mobilização da nossa parte com relação à proposta de uma possível terceirização da merenda escolar em Cascavel. Era uma ideia do prefeito Leonaldo Paranhos no início da gestão. E houve uma reposta imediata dos conselhos de Educação, de Segurança Alimentar, das merendeiras e dos pais de alunos e ninguém era favorável a essa ideia. Felizmente, tivemos o anúncio já algum tempo de que o prefeito desistiu dessa ideia. Acredito que foi uma grande vitória da Secretaria de Educação, ao mesmo tempo em que mostrou que o prefeito é sensível ao debate com comunidade. Por que não tínhamos isso na gestão anterior”.
Prédios antigos
“Fizemos várias visitas a prédios escolares que são muito antigos. Esse é um grande problema de Cascavel. Além de não pagar o piso nacional dos professores, o que a gestão atual tenta tirar a defasagem, as escolas estão muitos anos sem reforma. Temos uma rede física muito precária, e isso não é herança só do Edgar. Por que há escola sem reforma há mais de 15 anos, então não podemos culpar só ele. A atual gestão felizmente se atentou para isso e está fazendo reformas emergenciais, licitando obras mais complexas. Seguimos cobrando o Executivo para que o assunto avance”.
Gestão Paranhos
“Falo com liberdade de quem não fez campanha para o Paranhos, não é da base do Paranhos e não tem nenhum compromisso político com ele. Reconheço, de forma positiva, um governo simpático às demandas populares. Com uma gestão mais transparente que a anterior e que está levantando pautas positivas com a população. E que bom que eu reconheço isso porque é ótimo para a cidade. Tenho apoiado as demandas, quando entendo que são projetos do Executivo que atendem os interesses da população”.
Discussão religiosa
“Isso é um problema que não ocorre só em Cascavel, mas no Brasil. Confunde-se igreja com política. Entendo que não podemos ter um discurso oportunista, demagógico, que favorece uma perspectiva de intolerância que não contribui em nada para o Legislativo. A Câmara precisa ser laica, mas alguns vereadores não entendem assim. É um discurso de ódio e de intolerância, o que é muito ruim”.
Escola sem partido
“Sou contra e existe muita falta de verdade em alguns discursos. O Conselho Municipal de Educação fez assembleia em escolas e o público se mostrou totalmente contra a medida. Agora, afirmar, com isso, que parte da rede concorda com o projeto, ou você é desinformado, ou você mente. Viemos defendendo um debate mais lúcido, uma política da perspectiva da laicidade, mas alguns vereadores não entendem isso”.
PCdoB
“Não existe possibilidade de eu sair do partido. Tenho diferenças com ele, sim. Entendo que devia estar mais enraizado. Eu sinto que não está alinhado, como eu queria que estivesse. Mas não há possibilidade de sair do PCdoB. Não serei candidato a nada. Entendo que agora meu papel de liderança política em Cascavel é de apoiar pessoas dos grupos de esquerda que tenham condição de se eleger para fazer uma bancada de oposição, tanto na Assembleia Legislativa quanto na Câmara Federal. É necessário reforçarmos o legislativo”.