Política

EDITORIAL: Apontar o dedo para o outro é fácil

A crise migratória dos Estados Unidos escancarada pelo recrudescimento da Justiça com a prisão dos pais e os abrigos de crianças correu o mundo. E não faltou quem apontasse o dedo. Sem dúvida, a situação é desumana, cruel e absurda. Mas, qual a responsabilidade dos países de origem dessas famílias.

Vejamos o caso do Brasil. Os diplomatas têm acompanhado a situação de perto depois da descoberta de meia centena de crianças nos abrigos. Algumas comitivas foram aos Estados Unidos para acompanhar a situação. Um caso divulgado ontem diz respeito a um menino de sete anos sozinho em um abrigo em Nova York. Seu pai está preso no Texas. Agora, ele deve voltar ao Brasil, morar com a mãe.

É fácil apontar o dedo para os Estados Unidos e para o presidente Trump. Não faltam motivos para isso. Mas e qual o papel do Brasil nisso tudo? Por que essa família, e tantas outras, arriscam tanto para ir embora daqui?

Antes de olhar para os defeitos do governo norte-americano, deveríamos analisar nossas próprias falhas.

O País vive uma debandada de brasileiros que fogem da crise, da violência, da corrupção, da falta de oportunidades, da alta carga tributária, enfim, motivos não faltam.

Quem tem alguma reserva, tenta a sorte nos países europeus. Outros, se arriscam nas travessias ilegais dos Estados Unidos.

Em meio à comoção mundial, e até revolta, agora os mesmos diplomatas defendem que as famílias de brasileiros ilegais não sejam deportadas pelo Governo Trump. Isso causaria problemas futuros às crianças e aos adolescentes, que ficariam impedidos de um dia voltarem aos Estados Unidos.

É fácil entender o que leva famílias sírias e venezuelanas a deixarem tudo para trás. Mas e como fica a situação do Brasil? Antes de apontarmos o dedo para os defeitos de Trump, talvez seria mais sensato pormos fins aos “conflitos civis” que fazem os brasileiros preferirem tentar a sorte fora daqui.