Policial

Lista de delator traz R$ 246 milhões via caixa dois a 179 políticos

 

Uma tabela apresentada ao Ministério Público pelo ex-executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Junior, mais conhecido como "BJ", detalha pagamentos que teriam sido feitos via caixa dois a 179 políticos. Entre 2008 e 2014, há registro de R$ 246 milhões em repasses ilegais só da área de infraestrutura da Odebrecht no Brasil.

Entre os nomes citados, se destaca o do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que lidera a lista com quase R$ 62 milhões em caixa dois. O atual governador, Luiz Fernando Pezão, aparece como receptor de R$ 20,3 milhões.

 

Os 10 políticos que mais receberam dinheiro autorizado pelo delator:

 

Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do RJ (codinome Proximus): R$ 61,9 milhões

Gilberto Kassab (PSD), ministro de Ciência e Tecnologia (Kibe): R$ 21,2 milhões

Luiz Fernando Pezão (PMDB), governador do RJ (Proximus): R$ 20,3 milhões

Eduardo Paes (PMDB), ex-prefeito do Rio de Janeiro (Nervosinho): R$ 16,1 milhões

Julio Lopes (PP-RJ), deputado federal (Bonitinho): R$ 15,6 milhões

Anthony Garotinho (PR), ex-governador do RJ (Bolinha): R$ 13 milhões

Geraldo Alckmin (PSDB), governador de SP (Belém): R$ 9,6 milhões

Eliseu Padilha (PMDB), ministro da Casa Civil (Primo): R$ 7,2 milhões

Antônio Anastasia (PSDB-MG), senador e ex-governador de MG (Dengo): R$ 5,4 milhões

Lindbergh Farias (PT-RJ), senador (Lindinho): R$ 5,3 milhões

 

O ministro da Ciência e Tecnologia do governo Temer, Gilberto Kassab (PSD), que foi ministro das Cidades de Dilma e também prefeito de São Paulo, consta na lista do delator como beneficiário de R$ 21,2 milhões em recursos não declarados à Justiça Eleitoral. No documento, Kassab aparece com os codinomes "Kibe", "Chefe Turco" e "Projeto".

Conforme consta no documento, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), teria recebido R$ 9,6 milhões em pagamentos via caixa dois em 2010 e 2014. No detalhamento do propósito do repasse, o documento informa que o tucano é defensor de concessões e privatizações.

O deputado federal Julio Lopes (PP-RJ) aperece na lista com 91 pagamentos, totalizando R$ 15,6 milhões. No documento, o parlamentar é apelidado de "Pavão", "Bonitão", "Bonitinho", "Casa de Doido" e "Velho".

Entre os motivos que mais aperecem na lista para justificar os pagamentos ilegais, está a disposição dos políticos para apresentarem emendas ou defenderem projetos de interesse da empreiteira. Foram 60 doações desse tipo.

Na planilha apresentada ao Ministério Público, há ainda 111 repasses a políticos que sequer estavam concorrendo a cargos públicos nas eleições.

Em outro documento, Silva Junior afirma que “todos os pagamentos constantes da planilha anexa, realizados por pessoas ligadas diretamente a mim, só puderam ser efetuados a partir da minha autorização, ainda que a definição de candidato e a negociação dos valores tenha ficado a cargo de executivos da minha equipe”.

Benedicto Júnior é um dos ex-dirigentes da empreiteira que fecharam acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. As delações foram homologadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).