Foz do Iguaçu – Diante do aparelhamento das quadrilhas com arsenais cada vez mais robustos, os profissionais que atuam com segurança sofrem com a defasagem do armamento permitido pela legislação brasileira. Entre as atividades na mira dos bandidos mais experientes é o da vigilância em bancos e transporte de valores em rodovias.
No Paraná, ano passado, foram registrados 129 ataques a bancos ou caixas eletrônicos, com 39 explosões, 57 arrombamentos, 27 assaltos ou tentativas e seis saidinhas (furto conhecido quando a vítima deixa o banco com grande volume de dinheiro).
Dentre os casos mais graves, 12 tentativas de assaltos e uma explosão a carro-forte efetivada, em Bituruna. Os dados são do Sindivigilantes (Sindicato dos Empregados em Empresas de Segurança e Vigilância de Curitiba e Região).
Em 2017, o total foi o mesmo, no entanto, os casos de explosões foram ainda maiores: 53 registros em agências. Já as explosões a carros-fortes foram cinco, com mais seis tentativas em todo o Paraná.
Os vigilantes que atuam em bancos e transporte de valores têm autorização para portar, durante o trabalho, revólver calibre 38, carabina calibre 12 e pistola 380. Armas que, segundo João Soares, presidente do Sindivilantes, são insignificantes para confrontar com os bandidos especializados em roubos a carros-fortes e bancos. “Vivemos um momento de extrema preocupação, pois o armamento das quadrilhas é muito superior ao nosso. Estão com metralhadoras .50, fuzis AK-47 e explosivos. Os criminosos evoluíram e os vigilantes estão com armamento incompatível. Não há condições de defesa à vida dos profissionais, das demais pessoas nem dos valores transportados”, resalta Soares.
Calibre maior
A categoria se mobiliza nacionalmente para cobrar do presidente Jair Bolsonaro (PSL) mudanças nos calibres autorizados – uma reivindicação que dura décadas e vem sendo negada pelo Ministério da Justiça.
Para isso, estão previstas reuniões no início deste ano para que sejam acelerados projetos encaminhados ao Congresso Nacional. A categoria quer se encontrar com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e com a Polícia Federal para que sejam definidas as possibilidades de alteração. “Pretendemos expor nossa situação, esse momento de muito receio que vive a segurança privada brasileira. Os assaltos estão aumentando e colocam em risco a vida dos trabalhadores que não conseguem se defender. Para que se combatam as quadrilhas, é necessário cessar esses ataques a bancos. O dinheiro levado de carros-fortes e dos bancos é usado para financiar o crime organizado”, alerta Soares.
Cobrança é pela redução de quantias transportadas
Apesar de o Paraná não estar no topo dos casos mais frequentes de roubos a bancos e a carros-fortes, o Estado tem aumentado a preocupação com o aprimoramento das quadrilhas. Hoje, no ranking de risco e incidência de casos, o Paraná fica atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais.
Uma das medidas cobradas pela categoria para tentar desestimular as quadrilhas é a aprovação de uma lei estadual que restrinja a quantia transportada nos carros-fortes. Um projeto com teor semelhante chegou a ser encaminhado à Assembleia Legislativa, mas não avançou.
Hoje, as transportadoras não possuem limitação: quando acionadas por determinadas regiões, levam o montante estabelecido e em um só dia distribuem o dinheiro entre dezenas de instituições bancárias, aumentando os riscos a vigilantes, trabalhadores em bancos e moradores das regiões por onde passam.
Neste ano, as bancadas parlamentares serão novamente cobradas a respeito do assunto: “Precisamos de uma lei que restrinja esse valor. Assim, os bandidos não terão tamanho interesse nos carros-fortes. Vamos encaminhar novamente o projeto aos deputados”, afirma João Soares, presidente do Sindivilantes.