Opinião

A democracia necessária

Por Carla Hachmann

Nunca uma parte tão grande do mundo viveu sob o regime democrático. Fenômeno que se intensificou a partir das duas últimas décadas do século passado, totalizando cerca de quatro décadas de “liberdade”.

Embora para muitos democracia signifique apenas eleições diretas, o conceito é muito mais amplo, e passa pela liberdade de expressão, liberdade para organizações de qualquer natureza (lícita), para ir às ruas protestar, para recorrer sempre que entender que seus direitos foram feridos.

Para Reinhold Niebuhr, “a capacidade do homem para a justiça faz a democracia possível, mas a inclinação do homem para a injustiça faz a democracia necessária.”

Desde o ano passado a democracia aparece mais e mais nos discursos de quem está à frente dos três poderes, defendendo inclusive o fortalecimento e a independência das instituições, os pilares de uma estrutura democrática.

Sempre vai haver vozes isoladas defendendo ações mais totalitárias e antidemocráticas, afinal, isso é liberdade de expressão. Só que não se trata apenas do que alguns políticos propõem. A grande questão é que algumas dessas propostas têm encontrado eco na sociedade. E intenso.

Mas o que leva pessoas a defenderem o fim da democracia?

Muitas vezes é importante recorrer à história. Na década de 20, a intensa crise econômica deu palanque para um demagogo que discursava bonito e foi eleito democraticamente pelo povo o qual, mais tarde, promoveu um dos maiores genocídios da humanidade. Ele não enganou ninguém. Sempre deixou claro sua ideologia.

Defender um regime antidemocrático é tirar das nossas costas a responsabilidade pelas mudanças que queremos, com a ingenuidade que o ditador da vez vai fazer o melhor para nós, o povo.