Cotidiano

VW investirá R$ 7 bi no Brasil até 2020, diz presidente da companhia

SÃO PAULO – A Volkswagen anunciou nesta terça-feira que vai investir R$ 7 bilhões até 2020 no Brasil, em um plano que prevê o lançamento de uma nova família de carros e preparar suas instalações no país para apoiar crescimento de vendas da marca na América Latina. Segundo o presidente da Volswagen no Brasil, América do Sul, Central e Caribe, David Powels, a nova família será composta por quatro carros, que devem receber a maior parte dos recursos a serem investidos pela marca. Um dos modelos poderá envolver um utilitário esportivo (SUV) compacto.

O programa de investimento inclui ainda a implantação de nova arquitetura de produção, chamada pela empresa de MQB, a ser instalada em duas das fábricas do grupo alemão no Brasil, disse o executivo a jornalistas durante o salão do automóvel de São Paulo. A MQB já está presente na fábrica da empresa em São José dos Pinhais (PR), onde a Volkswagen monta o Golf.

A plataforma MQB, que será a base da maioria dos carros pequenos e médios com tração dianteira, usa um grande número de peças em comum em todos os modelos e marcas, permitindo que os veículos sejam montados mais rapidamente e a custos menores, afirma a marca.

O plano anterior da Volkswagen para o Brasil previa investimento de R$ 10 bilhões para o período de 2014 a 2018, informaram representantes da companhia.

Powels afirmou que enquanto a Volkswagen tem cerca de 12% do mercado brasileiro e participação acima de 10% na Argentina, a empresa pretende elevar sua participação de 3% a 4% nos outros países de sua região. Para isso, a empresa pretende usar as bases produtivas no Brasil e Argentina para exportar para os outros países da região.

O executivo não deu detalhes sobre os planos, mas afirmou que uma das questões que podem dificultar as exportações da indústria brasileira de veículos é o câmbio. “Se o câmbio ficar mais forte que 3,10 ou 3,20 (reais por dólar) isso vai trazer problemas para a indústria”, disse Powels, que está no posto há 18 meses. Nesta terça-feira, o dólar era cotado a R$ 3,20 reais, por volta das 13h50.

Segundo ele, o mercado do Brasil poderá voltar ao pico alcançado em 2012, de cerca de 3,8 milhões de veículos vendidos, em sete ou dez anos, “dependendo da situação política e mundial”. A expectativa da indústria para as vendas deste ano gira em torno de 2 milhões de unidades, segundo dados da associação de montadoras Anfavea.

Ele, porém, defendeu que a indústria e o governo devem agir para apoiar o setor de autopeças, que fez investimentos ao longo dos últimos anos sob a expectativa de atender um mercado de cinco milhões de veículos que nunca se concretizou.

? Precisamos olhar para isso. Importar 40% a 50% das peças não funciona. Temos que trabalhar com o governo para segurar os fornecedores. A nova família de carros vai precisar de materiais diferentes e os fornecedores estão sem capacidade para investir.

O executivo afirmou que o mercado brasileiro está dando sinais de estabilidade e para 2017 “não há possibilidade de ser pior que este ano, mas não vai ter milagre, deverá ser uma recuperação gradual”. As vendas neste ano acumulam queda de 22,3% até outubro sobre o mesmo período do ano passado, a cerca de 1,7 milhão de veículos.

O executivo não citou detalhes sobre os modelos que a marca pretende trabalhar no Brasil em 2017, mas durante sua apresentação no salão do automóvel de São Paulo, a Volkswagen exibiu o utilitário futurista elétrico BUDD-e, considerado pela imprensa especializada como sucessor da antiga Kombi. A marca ainda mostrou o veículo conceito T-Cross Breeze, um utilitário compacto conversível “desenvolvido por brasileiros na Alemanha”, disseram executivos da montadora.

O presidente da Volkswagen no Brasil evitou comentar se um dos dois modelos faz parte do novo plano de investimentos, mas comentou que a montadora está estudando a trazer a proposta do BUDD-e para o país, com outra motorização, que não a 100% elétrica, como tem demonstrado na Alemanha.

Sobre os problemas com fornecedor de bancos e outras peças, que chegou a afetar dois meses de produção da montadora no país, Powels afirmou que devem ser resolvidos nos próximos meses depois que a Volkswagen acertou acordo para ser cliente da norte-americana Amvian, que começou a operar uma fábrica em Atibaia (SP) cerca de um mês atrás.