Cotidiano

Voluntários aconchegam bebês com dependência química nos EUA

RIO – O aumento de viciados em heroína e analgésicos de uso restrito nos EUA vem causando um desastre em maternidades do país. Os bebês de pessoas com essa dependência química nascem viciados nas mesmas substâncias que seus pais. Comovidos com essa situação, milhares de americanos estão se oferecendo para segurar esses recém-nascidos no colo, dando a eles um conforto físico essencial em suas primeiras semanas de vida, quando os bebês precisam se livrar da dependência.

Diferentes estudos anteriores mostraram que o contato físico ajuda nessa recuperação. Por conta disso, diferentes hospitais criaram programas que reúnem voluntários para segurar os recém-nascidos vítimas do vício de seus pais. Essas iniciativas estão sendo inundadas com inscrições de Leste a Oeste do país. As pessoas seguram os bebês no colo, sussurram, brincam e cantam para os nenéns.

Muitos bebês nessas condições ficam separados da família nas primeiras semanas de vida, enquanto seus pais estão frequentando programas de reabilitação, para também abandonar o vício em drogas.

Os chamados opióides são fármacos derivados do ópio que atuam nos receptores opioides neronais e produzem resistência à dor. O uso dessas drogas é liberado apenas mediante receita médica, mas o consumo de opióides nos Estados Unidos se tornou uma epidemia, segundo órgãos de saúde pública do país. De 2000 a 2015, mais de 500 mil pessoas morreram por overdose de opióides nos EUA. Segundo o governo, todos os dias, 91 americanos morrem em decorrência do vício nesses medicamentos.

Os bebês de viciados em opióides ou heroína nascem com a chamada síndrome de abstinência neonatal. Como o organismo de sua mãe se tornou dependente da substância, o recém-nascido, que foi gerado dentro do mesmo organismo, também sofre com a mesma dependência. Os sintomas da sindrome incluem choro em excesso, febre, irritação, respiração ofegante, tremedeiras e outros problemas comoventes.

De acordo com médicos, os carinhos de voluntários reduzem a necessidade de medicamentos e a duração da internação no hospital. Alguns recém-nascidos beneficiados pelo programas chegam a apresentar ganho de peso, algo surpreendente em sua condição de saúde.