Cotidiano

Vitamina D: questão de vida ou morte

Entre as carências da população brasileira, a insuficiência de vitamina D predomina em homens e mulheres entre os 19 e os 59 anos de idade, revela pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E você sabe por quê? A falta de exposição à luz solar.

Fundamental para o bom funcionamento do organismo, a vitamina D, que na verdade é um hormônio chamado colecalciferol, é produzida pela própria pele, mas pode ser encontrada em alimentos e suplementos.

O sol é o grande responsável pela produção e absorção de vitamina D no corpo humano. Vinte minutos, entre as 10h e as 17h, três vezes na semana, são suficientes para aumentar e potencializar a vitamina. “Quanto maior a área exposta, maior a produção”, indica a chefe do serviço de endocrinologia do Hospital de Clínicas do Paraná e vice-presidente da Abrasso (Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo), Victoria Borba, que complementa: “Apesar de existirem alimentos que contêm vitamina D, como carnes, peixes, ovo, leite etc, e suplementos, a melhor forma é a produzida pelo nosso próprio corpo. Por meio da exposição solar, pelos raios ultravioletas, ocorre a transformação da pré-vitamina D, que desencadeia a produção de vitamina D por ativação de enzimas específicas. Parte da vitamina D produzida fica guardada principalmente no fígado e é utilizada quando precisamos”, esclarece.

O problema é que cada vez menos as pessoas se expõem ao sol, seja por prevenção ao câncer de pele ou ao envelhecimento, seja por falta de tempo.

Contudo, a vitamina D é importante para segurar o cálcio nos ossos e mantê-los firmes. Fraqueza muscular, dores articulares e fadiga são alguns dos sintomas que podem ser apresentados pela ausência da vitamina. “A falta dele acarreta em perda de absorção de cálcio pelo intestino, o que desencadeia uma reação do organismo para manter o cálcio do sangue normal. Assim, há um aumento do hormônio chamado PTH, que retira o cálcio do osso para equilibrar novamente o cálcio sérico, mas acaba levando à perda óssea e osteoporose”, explica a médica.

Doenças autoimunes, inflamatórias e neurodegenerativas também podem aparecer quando há um déficit da vitamina no corpo. “Outro problema associado à falta de vitamina D é a perda de força muscular, levando a quedas, o que é extremamente perigoso, principalmente para idosos, uma vez que aumenta muito o risco de fraturas”, complementa Victoria.

Prevenção ao câncer

Estudos já identificam a vitamina D como uma forma de prevenção a diversos tipos de câncer, como próstata, mamário e ovariano.

Segundo a presidente da Sbem-PR (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional Paraná), Silmara Leite, diabéticos e obesos apresentam maior deficiência de vitamina D. “Com a reposição de vitamina, podemos notar melhora na firmeza do osso e na massa magra.” explica Silmara.

Os valores ideais da vitamina D no organismo são diferentes para bebês, crianças, adultos, grávidas e idosos. “Estudos recentes mostram uma alta prevalência de deficiência de vitamina D em gestantes e recém-nascidos, associada ao parto prematuro. As crianças nascem pequenas para a idade gestacional, além de consequências na própria gestação. Por isso, recomenda-se que todas as gestantes mantenham níveis adequados da vitamina D e, para isso, é recomendado o uso de suplementos, de acordo com a recomendação médica”, explica Victoria.

Atletas também têm tendência a fazer mais reposição, pois, com treinos excessivos, muitas vezes apresentam deficiência de vitaminas e, com a reposição, conseguem resultados melhores.

Cuidado!

A única restrição é com relação à vitamina D injetável. Victoria Borba explica que a prática envolve quantidades acima do recomendado e já foi proibida nos Estados Unidos. Em excesso, a vitamina D pode acarretar problemas como intoxicação, que leva à desidratação, à insuficiência renal e a alterações cardíacas graves. “A reposição deve ser feita, na maioria das vezes, por cápsulas. Hoje, as gelatinosas apresentam boa absorção. Em situações especiais, em que existem problemas de deglutição e em crianças, podem ser usadas gotas. Formulações injetáveis, além de serem dolorosas, não estão disponíveis comercialmente e não são recomendadas. Essas formulações só teriam indicação em pacientes com síndromes disabsortivas graves”, conclui a médica.