Cotidiano

Vigilância descarta morte por hanseníase

Toledo – A Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Toledo colocou um ponto final na polêmica em torno da morte de um paciente ocorrida em 17 de novembro deste ano. Familiares relataram que a morte poderia ter sido causada por hanseníase, hipótese agora descartada pelos profissionais da saúde. A doença, também conhecida como lepra, é uma das mais antigas da humanidade.

A enfermeira da Vigilância Epidemiológica do Município Cleonice Sarturi acredita que o óbito ocorreu devido a uma série de complicações de saúde, ligados ao aparelho respiratório e ao coração. “O paciente era portador de hanseníase e deve ter adquirido a doença por conta da baixa imunidade provocada pelas outras doenças”, disse.

Segundo informações, o paciente ficou alguns dias internado e voltou para casa. Passado um tempo teria tido um mal súbito e faleceu. “O paciente vinha se tratando de várias doenças e o que o levou a óbito foi o comprometimento de todas elas juntas”.

Conforme Cleonice, quando o organismo está debilitado fica mais suscetível a infecções e, no caso desse paciente, ele contraiu também a hanseníase, mas chegou a fazer tratamento.

Segundo a Vigilância Epidemiológica, com base nos prontuários, a doença ainda estava no estágio inicial não chegando à etapa de comprometimento dos membros.

A Vigilância Epidemiológica de Toledo conta que os casos têm apresentado sensível queda nos últimos dois anos. Em 2015, a Secretaria de Saúde de Toledo registrou 14 casos. No ano seguinte, 17. Ano passado foram 16 casos e, neste ano, até agora, são dez incidências. “O maior problema é que as pessoas procuram o atendimento de maneira tardia, dificultando um pouco mais o tratamento”.

A maioria dos casos registrados são intradomiciliares, ou seja, contraídos por pessoas da mesma família devido ao contato, já que a hanseníase é uma doença infectocontagiosa. “Algumas pessoas procuram o médico quando as lesões atingem um estágio irreversível”, relata a enfermeira. “Mesmo assim, o índice de cura chega a 95%”.

O tratamento precisa ser efetivo para gerar resultados. Nos casos intradomiciliares, a família fica em observação por dois anos. Nesse período, a doença pode voltar a se manifestar novamente, mesmo depois do tratamento.

Centro de referência

Todas as unidades de saúde estão de portas abertas para atender a esses pacientes com suspeita de hanseníase. Além do atendimento nos postos, a Prefeitura de Toledo conta com um centro de referência especializado, com uma equipe formada por médico, enfermeiro e técnico de enfermagem.

O QUE É HANSENÍASE

A hanseníase, conhecida como lepra, é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, que lesiona os nervos periféricos e diminui a sensibilidade da pele. Geralmente o distúrbio ocasiona manchas esbranquiçadas em áreas como mãos, pés e olhos, mas também podem afetar rosto, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas.

A doença tem cura, mas exige tratamento prolongado para não desencadear problemas ao paciente ou a transmissão da bactéria. Nos dias de hoje, sabe-se que não há necessidade do isolamento dos indivíduos, pois o SUS fornece a medicação necessária para a recuperação.

A hanseníase detém o título de uma das doenças mais antigas da história da humanidade, com relatos que datam até 1350 a.C. O registro oficial aconteceu somente em 1873 pelo médico norueguês Gerhard Armauer Hansen, responsável pela identificação do bacilo causador da doença.