Cotidiano

Uber x mototaxi

Desde que a Uber chegou ao Brasil, taxistas e motoristas que transportam passageiros que procuram o aplicativo para seus deslocamentos, uma verdadeira guerra foi travada entre motoristas das duas modalidades de transporte. Os taxistas acusam o aplicativo de concorrência desleal e até confrontos em praça pública ocorreram em várias cidades do País. Em Cascavel, no entanto, a grande “vítima” da Uber são os mototaxistas que viram as corridas caírem pela metade desde que o aplicativo deu as caras por aqui.

“Como concorrer com o Uber, com conforto, segurança. É um carro” conta Amauri de Freitas, que trabalha como mototaxista. O valor diário, ganho em média, pelo pessoal que trabalha no mesmo ponto de Freitas caiu de R$ 180 para menos de R$ 100 por motociclista. “Tivemos uma queda de 50% em relação ao número de clientes atendidos antes do aplicativo” diz. “Tentamos reduzir o valor para concorrer, mas não dá, temos muitos custos. O ponto, combustível, manutenção, nossa alimentação. Se for pra baixar a corrida teremos de procurar outro emprego, outra área”.

Segundo ele, se um moto taxista ganhava R$ 3 mil mensais, hoje não passa dos R$ 1,5 mil. “Está difícil, as contas vem, os cartões de crédito que usamos para pagar o combustível mandam as faturas, e cadê o dinheiro para pagar? Perdemos em média de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil por mês”.

Sem impacto

Para quem mantém clientela cativa, o impacto foi mínimo. “Olha, a gente que tem clientela fixa, fechada com nós, eles não trocam. Estamos passando pelo período do Uber muito bem” comemora o moto taxista Bruno Vieira.

Os taxistas também não estão intimidados. “Os clientes querem segurança, confiança, horários exatos para compromissos. Não caiu, não houve diminuição nos nossos atendimentos” repassou o presidente do Sindetáxi (Sindicado dos Motoristas de Táxi de Cascavel), Cláudio Fernando Biazi.

Lucro no bolso

A consultora de vendas Alexia Teixeira, que faz o trajeto entre o Bairro Canadá, proximidades da BR-467 e o Centro da cidade, gastava até três vezes mais com o mototáxi, que cobra em torno de R$ 10 a R$ 15. Ela aderiu a Uber e hoje paga pelo mesmo trajeto no máximo R$ 6. “É mais barato, mais cômodo, mais confortável. Com o carro os riscos de acidentes são menores, e [tem] até água, bala”, relata. Além da comodidade, ela diz que sobram aproximadamente R$ 10, se comparado ao valor que costumava pagar ao serviço de mototaxi.