Cotidiano

Trump x Trump: candidato ameaça o empresário com declarações

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NOVA YORK – Donald Trump já chamou mexicanos de traficantes e estupradores. Afirmou que, se eleito, vai construir um muro na fronteira com o país vizinho aos Estados Unidos. Falou que gosta de judeus ?para contarem seu dinheiro?. E proferiu obscenidades e palavrões quando se referiu ao seu trato com mulheres. Mas, para além, e muito antes do candidato Trump à Casa Branca, existe o empresário e a marca Trump, que, apesar das negativas daqueles que tocam os empreendimentos do bilionário, só vêm perdendo valor.

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Segundo estudo da empresa do ramo imobiliário Redfin, os apartamentos de luxo das Torres Trump, um segmento central nas operações do grupo, estão sendo negociados a preço de mercado. Há cerca de um ano, custavam 7% mais do que imóveis similares.

? A marca Trump está diretamente associada a luxo e um alto padrão que eram suficientes para justificar um custo adicional no mercado. Mas esta associação positiva desapareceu ? afirma a economista-chefe da Redfin, Nela Richardson.

Estampada em frente aos seus prédios e cassinos luxuosos, em camisas e até em cortes de carnes, a marca Trump é a base da empresa que permitiu que o magnata acumulasse uma fortuna estimada em US$ 3,7 bilhões (R$ 11,7 bilhões), segundo a revista ?Forbes?. A mesma publicação, entretanto, divulgou uma pesquisa que indicava que cerca da metade de 500 milionários consultados afirmou que evitaria os hotéis e os campos de golfe Trump nos próximos anos.

E segundo diversos outros meios de comunicação, o novo Hotel Trump, em Washington, aberto em setembro passado, não conseguiu atingir plena capacidade e precisou oferecer descontos. Informação rebatida pelo diretor do empreendimento, Mickael Damelincourt, em e-mail à AFP: ?Com 10 anos de experiência nos hotéis Trump, posso dizer, com tranquilidade, que temos o maior êxito em termos de reservas.?

? A marca Trump permanece incrivelmente sólida, e experimentamos um enorme êxito em todos os nossos setores de atividade ? ressalta um outro porta-voz das Organizações Trump à agência de notícias.

Com uma história de êxitos, o empresário, o showman, o personagem Trump ? ele próprio um dos principais responsáveis pelo sucesso da sua marca ? conduz uma campanha à Casa Branca que pode levar à fuga de clientes, preocupados por constantes polêmicas com mulheres ou imigrantes.

De acordo com a escritora Merry Carole Powers, pesquisadora de estratégias de mercado, muitas marcas conseguiram se reconstruir nos EUA depois de graves crises, seja por acidentes ambientais ou controvérsias políticas. No entanto, segundo ela, o caso Trump não tem precedentes.

? Em geral, quando uma marca fica exposta numa situação ruim, é por acidente: não pretendiam que isso ocorresse. Trump, no entanto, claramente está dizendo: ?Não me importa o que você pensa?. Jamais vimos uma marca agir desta forma ? concluiu Merry.