Cotidiano

Temer fará 'D.R.' com deputados da base que não votaram pelo teto de gastos

BRASÍLIA – A partir desta terça-feira, o presidente Michel Temer “discutirá a relação” com deputados da base aliada que não votaram com o governo para a aprovação em primeiro turno da proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos nesta segunda-feira. Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, completou que o Planalto não vai “prender” na base “quem tem dificuldade de se aliar”. O partido aliado com o maior racha foi o PSB, do ministro de Minas e Energia.

A sugestão de uma conversa do presidente com parlamentares dissidentes foi do ministro responsável pela articulação política do Planalto, Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), e balizará decisões do governo antes da votação do segundo turno da PEC, que deve acontecer nas próximas duas semanas.

? Quem tem dificuldade de se aliar, por óbvio que o governo não o prende na base ? declarou Padilha, referindo-se a deputados.

Ele diz aguardar encontros do presidente com esses parlamentares. Alguns minutos depois, no fim de entrevista coletiva no Planalto, o chefe da Casa Civil contemporizou e negou que o governo tenha sido “traído”.

? Traição é uma expressão que diminui a relação dos parlamentares com suas bases. Se nós formos ouvir parlamentares que não votaram junto com governo, eles terão uma explicação.

O governo teve 366 votos favoráveis à PEC. Eram necessários 308. O principal racha na base foi do PSB, do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho: de 32 deputados, 10 foram contra a emenda. O PPS, outra sigla que tem um lugar no ministério de Temer ficou dividida. O partido do ministro da Defesa, Raul Jungmann, teve quatro dos oito votos favoráveis à PEC. Nesta segunda-feira, dia da votação em primeiro turno, Temer exonerou Coelho Filho, Jungmann e também o ministro Marx Beltrão, do Turismo, para que eles retornassem à Câmara e votassem com o governo.

Padilha disse estar otimista: prevê que na votação em segundo turno da PEC na Câmara – prevista para a última semana do mês – o governo terá mais votos. Ele comemorou a diminuição dos votos da oposição no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e nesta segunda-feira, na apreciação da emenda. Considerando-se somente votos pró e contra, no impeachment, o placar foi de 367 para o governo interino e 137 para a oposição. Nesta segunda, de 366 a 111.

Nesta terça-feira, o presidente voltou a frisar que não haverá cortes em programas sociais, e que eventuais sacrifícios ao país para retomar o crescimento será compartilhado por “todos”.

? É claro que muitos levantaram vozes para dizer que isso aqui vai acabar com programas sociais do estado brasileiro, vai diminuir reserva na saúde e educação. Eu quero registar pela enésima vez que isso não vai acontecer. Haverá sacrifício, é possível uma ou outra coisa, mas todos colaboraremos – disse Michel Temer.