Cotidiano

Táxis sem motoristas começam a levar passageiros em Cingapura

3.jpg

CINGAPURA – O primeiro serviço de táxis autônomos, sem motoristas, do mundo começou a transportar passageiros em Cingapura nesta quinta-feira, “furando” a dianteira do Uber, que anunciou semana passada que vai começar ainda este mês os testes.

Usuários já podem testar pedir corridas grátis da nuTonomy, uma startup independente, através de seus celulares. Várias empresas, como o Google e a Volvo, já testam carros autônomos em vias públicas a anos, mas a ainda pequena companhia de Cingapura é a primeira a oferecer corridas de testes para usuários publicamente, apenas baixando o app e se cadastrando.

A nuTonomy está começando com uma operação pequena: são seis carros já nas ruas, com planos de mais seis até o fim do ano. O plano, segundo executivos da empresa, é ter uma frota , ajudando a diminuir o número de carros nas já entupidas nas ruas da cidade-estado.

Por enquanto, os táxis só operam no bairro one-north, que reúne negócios de tecnologia e financeiros. Passageiros devem ter um convite da startup para usarem o serviço. Segundo a empresa, dezenas de pessoas já se inscreveram, e o plano é expandir a lista para milhares em poucos meses.

Os carros são modelos elétricos, Renault Zoes e Mitsubishi i-MiEVs. Todos tem um motorista junto para emergências, assim como um pesquisador para registrar dados dos computadores que estão dirigindo. Cada veículo tem seis aparelhos de “lidar”, um sistema semelhante ao radar, mas que usa laser no lugar de ondas de rádio para detectar o entorno do carro. Há também duas câmeras no painel para visualizar obstáculos e mudanças em sinais de trânsito.

Doug Parker, chefe de operações da empresa, acredita que táxis autônomos possam eventualmente diminuir o número de carros nas ruas de Cingapura de 900 mil para 300 mil.
“São muitas as possibilidades quando você pensa que tantos carros podem sumir das ruas. Podemos ter vias menores, calçadas maiores, estacionamentos menores. Acho que vai mudar como as pessoas interagem com a cidade.

‘Achei que tinha um fantasma’

Um repórter da agência de notícias Associated Press, num test drive, viu o motorista usar os freios de segurança apenas uma vez. Um carro estava bloqueando a pista do táxi e um carro que parecia estacionado saiu da vaga para a outra pista sem sinalizar. O freio foi necessário para que o carro autônomo não mudasse de pista e batesse no carro que saiu sem sinalizar.

Olivia Seow, de 25 anos, trabalha com parcerias entre startups em one-north e é uma das usuárias escolhidas para os testes. Fez uma viagem de menos de dois quilômetros nesta semana. Ela conta que ficou nervosa quando entrou no carro e depois se surpreendeu quando o volante girou sozinho.

“Parecia um fantasma, um espírito, alguma coisa assim”, diz ela, rindo.

Mas ela relaxou rápido. A viagem foi suave e controlada e ficou aliviada em ver que o carro reconhecia até mesmo pássaros andando na rua e motocicletas estacionadas na calçada.

“Eu não as via, estavam longe, mas o carro conseguia, então eu sabia que podia confiar nele”, disse Seow, que espera poder usar o tempo livre no serviço, já que agora não precisa dirigir, e também ajudar o pai, que não pode mais dirigir com a idade avançada.