Cotidiano

Tailandesa é obrigada a se ajoelhar diante de foto de rei como punição

thai.jpgBANGCOC ? A morte do Rei Bhumibol Adulyadej na semana passada desencadeou uma série de homenagens na sociedade tailandesa, em luto pela perda do soberano. O culto ao monarca não admite contraponto: uma tailandesa foi obrigada a ajoelhar diante da foto do soberano por tê-lo criticado. No domingo, a mulher foi levada a uma delegacia de polícia, na ilha de Koh Samui, depois que centenas de cidadãos pressionaram por um pedido de desculpas da compatriota pelo suposto insulto.

A comoção gerada pela morte do monarca acompanha a incerteza política que sucede os 70 anos de reinado de Bhumibol, considerado o responsável pela unidade do país que estabilizou a política nacional. Mesmo que o rei lutasse há algum tempo contra a doença e já não aparecesse em público com a mesma frequência, a mudança de cenário na semana passada levou a incidentes como a humilhação pública de Umaporn Sarasat, de 43 anos. Dois policiais conduziram a tailandesa até a delegacia de Bophut e a obrigaram a rezar, de joelhos, dentro e fora da delegacia, em culto à imagem do rei.

A multidão que acompanhava o forçado pedido de desculpas vaiou a mulher quando ela chegou ao local. Uma fileira de agentes de segurança precisou formar uma barreira com os braços dados para evitar que avançassem sobre a delegacia. Vários dos manifestantes carregavam fotos do monarca, contra quem Umaporn teria postado comentários desrespeitosos na internet.

? Nós vamos proceder em relação ao caso da melhor maneira que pudermos ? prometeu à multidão o chefe da polícia local, Thewes Pleumsud, em referência a possíveis acusações criminais contra Umaporn. ? Eu entendo o que vocês sentem. Vocês vieram até aqui em lealdade à Vossa Majestade. Não se preocupem, eu lhes dou minha palavra.

A Tailândia dispõe de severas leis para ações ou escritos que a Justiça julgue depreciativos à família real que incluem longas sentenças de prisão.

As autoridades tailandesas têm rogado por tolerância no momento de luto, depois que vários cidadãos reclamaram nas redes sociais de quem não vestia roupas brancas ou pretas para reverenciar o rei morto. Há relatos de monarquistas radicais que inclusive repreenderam tailandeses nas ruas por não corresponderem às regras de culto. Um porta-voz do governo, que decretou um ano de luto à morte de Bhumibol, explicou que nem todos dispunham de dinheiro para arcar com as vestes ditas apropriadas.

Diante do cenário, governos internacionais têm aconselhado turistas na Tailândia a manifestações que poderiam soar festivas ou desrespeitosas. Na sexta-feira, soldados dispersaram uma multidão que pretendia confrontar um homem que teria insultado o monarca em um resort tailandês. Desde a última quinta-feira, a principal TV a cabo do país bloqueou transmissões estrangeiras consideradas ?insensíveis ao luto do rei?.