Cotidiano

Sindicatos da FUP iniciam votação sobre greve na Petrobras

2016 940362111-201609211917418451_RTS.jpg_20160921.jpgRIO – Os sindicatos da Federação Única dos Petroleiros (FUP) iniciaram nesta quinta-feira assembleias para votar um indicativo de greve na Petrobras, após forte rejeição à proposta da empresa para o acordo anual sobre salários, enquanto o presidente da petroleira, Pedro Parente, pede compreensão.

Enquanto luta para melhorar sua saúde financeira, a Petrobras ofereceu reajuste salarial anual abaixo da variação da inflação, e também propôs um corte de pagamentos de horas extras e turnos de trabalho regulares.

Durante os próximos cerca de seis dias, os funcionários deverão votar se aprovam ou não o indicativo da FUP para rejeição da proposta salarial e de benefícios, estado de greve e estado de assembleia permanente.

Nesta quinta-feira, os sindicatos realizam mobilizações, em frente a prédios da Petrobras, protestando contra o que consideram perda de direitos dos trabalhadores.

Na quarta-feira, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que, na história da empresa recente até 2014, os funcionários da Petrobras tiveram “aumentos reais bastante acima da inflação”. Isso, na avaliação do executivo, não é possível no momento, já que a empresa está com os esforços voltados para reduzir a dívida “o mais rápido possível”.

Francisco José de Oliveira, diretor de Comunicação da FUP, federação que representa 14 sindicatos de petroleiros, disse que a greve que está sendo construída para este ano, ainda sem data marcada, deverá superar a de 2015, que foi a maior em 20 anos.

A força para os protestos, segundo o sindicalista, será devido aos grandes cortes de investimentos e ao bilionário plano de venda de ativos comandados pela atual gestão, considerados pela diretoria essenciais para reduzir seu enorme endividamento líquido de R$ 332,4 bilhões em 30 de junho.

? A mobilização não é por salários, é pela manutenção de nossos empregos, dos nossos direitos e contra a venda de ativos ? afirmou Oliveira.

O presidente da Petrobras afirmou nesta semana que, toda vez que houver uma parceria ou desinvestimento, haverá um plano de demissões voluntárias. Segundo o plano de negócios da empresa, 9.670 funcionários devem se desligar até meados de 2017, considerando PIDVs desde 2014.

REVISÃO DE NÚMEROS

Com a maior dívida da indústria de petróleo global, a Petrobras anunciou nesta semana que prevê investir US$ 74,1 bilhões entre 2017 e 2021, uma queda de 25% em relação ao Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, revisado em janeiro deste ano, elevando ainda projeções de vendas de ativos.

Parente frisou que o Plano de Negócios e Gestão foi elaborado por mais de uma centena de executivos da empresa e que o documento busca a recuperação financeira da empresa para níveis de alavancagem saudáveis até 2018.

? A gente tem sido muito respeitoso e transparente com os sindicatos e nós esperamos que eles tenham uma contrapartida também de entender que o sucesso da Petrobras não interessa somente a sua direção, mas é do interesse de todos, inclusive de seus próprios sindicatos ? disse Parente.

Em sua proposta, a Petrobras ofereceu aumento de 4,97% na remuneração mínima de nível e regime (RMNR) para os trabalhadores com remuneração até R$ 9 mil, bem abaixo da inflação.

Para quem ganha acima de R$ 9 mil, a Petrobras ofereceu aplicar um valor fixo de R$ 447,30 na tabela da RMNR.

Já os cinco sindicatos representados pela da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) deverão concluir as votações sobre o indicativo de estado de greve nesta semana, segundo o coordenador da federação, Emanuel Cancella.