Cotidiano

Sete de cada dez argentinos veem mal a economia, segundo pesquisa

ARGENTINA-ECONOMY-PROTESTBUENOS AIRES – A economia argentina está mal ou muito mal, e o ?tarifaço? de luz, gás e água é impossível de pagar, segundo sete de cada dez cidadãos entrevistados, informou, neste domingo, a empresa de pesquisas Centro de Estudios de Opinión Pública (CEOP).

Quase 60% dos argentinos opinam que a Justiça deve confirmar decisões em que se determinou reverter aos níveis de março as altas de tarifas dos serviços de luz, água e gás, que variam de 200% a 2.000%, disse a CEOP.

O ajuste foi aplicado há cinco meses pelo governo do presidente Mauricio Macri, líder de uma aliança de direitistas e socialdemocratas. A reação teve protestos nas ruas do país e sentenças judiciais contrárias aos aumentos.

O governo espera que a Suprema Corte lhe dê a razão com o argumento de que havia uma defasagem tarifária no país. Mas especialistas em serviços públicos concordam com os políticos da oposição no Congresso e com as entidades de defesa do consumidor ao defender que as altas deveriam ser progressivas.

A inflação anual é de 42%, segundo dados oficiais. Segundo cálculos de consultorias econômicas, o custo de vida na Argentina deve subir 50% este ano ? o maior avanço desde a crise de 2001-2002.

80% CORTARAM GASTOS

Quase todos os setores econômicos estão em recessão. A pobreza aumentou, segundo o Observatório Social da Universidade Católica. E mais de 200 mil pessoas perderam seu trabalho desde que Macri assumiu a presidência, em dezembro de 2015, revelou na última semana a consultoria econômica CEPA.

?Seis de cada dez argentinos sustentam que estão de acordo com os protestos pelos ?tarifaços?, algo não habitual porque, em geral, costuma acontecer de que os cidadãos podem ser contrários a uma ou outra medida, mas tendem a ser resistentes aos protestos?, acrescentou a CEOP.

A imagem de Macri e do governo perdeu entre 15 e 20 pontos desde dezembro, mas se mantém em valores que são considerados aceitáveis (46%) ?porque ainda há uma faixa da população com uma expectativa de que as coisas melhorem?, afirmou a empresa de pesquisas.

?Ainda assim, os opositores superam hoje em dia com folga os governistas (47% a 33%), quando, há alguns meses, os governistas eram maioria?, destacou a CEOP.

Ainda de acordo com o centro de pesquisas, ?não surpreende que oito em cada dez argentinos tenham assinalado que tenham tido de reduzir gastos de seu orçamento familiar?. O estudo foi realizado com 1.200 pessoas em todo o país.