Cotidiano

Serra diz que reação de países a impeachment foi localizada

jose-serraSÃO PAULO. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, afirmou nesta quinta-feira que a reação de outros países ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff foi “localizada e passageira”. O novo chanceler revelou ainda que pretende trabalhar em conjunto com os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente para construir um marco ambiental para o país.

Também negou ter tido qualquer participação na concessão do passaporte ao pastor Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus, investigado na Lava-Jato, e voltou a repetir que o governo anterior deixou o Itamaraty na “penúria”. Disse ainda que o Brasil precisa encontrar uma forma de regularizar os pagamentos para organismos internacionais, como a ONU.

Na avaliação de Serra, a reação de alguns países, como a Bolívia, Venezuela e El Salvador, que apontaram que houve um golpe no Brasil, não afeta a imagem do país no exterior.

? Foi uma contestação aparelhada, vamos ser francos – afirmou o chanceler, que também acrescentou:

? Acho que foi uma coisa muito localizada e passageira. É tão óbvio que o que espalharam lá fora não tem pé nem cabeça que pouco a pouco isso vai sair (da pauta) ? afirmou o ministro.

O titular da pasta de Relações Exteriores elogiou a manifestação de quarta-feira dos Estados Unidos na Organização dos Estados Americanos (OEA) de que não houve golpe no Brasil, mas disse que não fez nenhuma articulação para que o posicionamento ocorresse.

? Não pedimos que ninguém opinasse. A posição dos Estados Unidos a respeito do Brasil é correta.

Serra defendeu a nota emitida pelo Itamaraty para rebater a acusação de golpe e negou ele, ao comandar essa reação, também estaria partidarizando o órgão.

? Estão dizendo coisas falsas a respeito do Brasil, a gente tem obrigação de sublinhar isso ? afirmou o novo ministro, que mais uma vez acusou os governos do PT de partidarizarem as relações exteriores brasileiras.

O chanceler acredita que não terá dificuldade de trabalhar em conjunto com os ministros Blairo Maggi (Agricultura) e Sarney Filho (Meio Ambiente) para construir um marco ambiental.

? A aproximação é fácil. A grande agricultura tem interesse em ter um marco ambiental bem construído que preserve o que já tem e possa atrair recursos do exterior para essa preservação.

Serra irá a Argentina na semana que vem para, segundo ele, discutir a forma que os dois países podem trabalhar em conjunto nas relações exteriores. Em seguida, o ministro pretende visitar os países da Aliança do Pacífico, como o Chile.

? Vamos trabalhar no sentido de fazer uma aproximação econômica com a Aliança do Pacífico.

O chanceler confirmou que encomendou um estudo sobre as embaixadas do Brasil pelo exterior e que algumas podem ser fechadas.

? Foram criadas (pelos governos petistas) mais de 40 embaixadas, algumas em lugares que têm 20, 30 mil habitantes. No Caribe de língua inglesa, tem mais Embaixada do Brasil do que da Inglaterra. Vamos olhar porque tudo isso custa e precisa ser confrontada com o proveito que se tem.

Por fim, Serra afirmou não ter tido nenhuma participação na concessão do passaporte diplomático ao pastor Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus. Ferreira é investigado na Lava-Jato por suspeita de lavar dinheiro da propina para Eduardo Cunha (PMDB) por meio de sua igreja, em Campinas (SP).

? São concedidos dois passaportes por igreja. Nem tive conhecimento desse caso que foi divulgado. Nem soube que igreja é.