Cotidiano

Seja bom para seu mascote

Desde os primórdios da civilização, é possível constatar que agradou ao ser humano ter o animal debaixo de sua casa, de seu teto e até de seu nariz

Vivian Weiand

Tem gente que é louco por cachorro. Outros não vivem sem um gato. Desde os primórdios da civilização, é possível constatar que agradou ao ser humano ter o animal debaixo de sua casa, de seu teto e até de seu nariz. O início foi por conveniência – deles extraía força para tração, matava a fome e o frio -, mas foi a companhia a mais nobre função exercida pelos animais, em especial aqueles denominados de estimação, os que vivem em um lugar especial no coração de seus donos a ponto de estes estenderem aos seus bichinhos direitos que também se aplicariam aos seres humanos.

Dos cultos de veneração realizados para os gatos do Antigo Egito até os dias de hoje muita coisa mudou, e há quem ache exagero nossos peludos de quatro patas estarem recebendo tratamento de filho. Quem gosta deles não está nem aí e a resposta fica mais ou menos naquele estilo: “o dinheiro é meu e com ele faço o que quero”, mas a razão que justifica seu afeto está muito além de dinheiro.  Se olharmos sob outro viés, o que estamos fazendo hoje é, na verdade, aprendendo a ser gente com os animais. Não os estamos humanizando, mas finalmente criando vergonha na cara e nos organizando no sentido de cuidar daqueles que ficaram sob nossa tutela, sob a guarda da humanidade, aí já viu. Condenado estaria o animal que se encontrasse nessas condições não fosse a consciência que começa a emergir da sociedade com vistas a um tratamento mais digno a ele, e se isso inclui beijinhos e afagos aí vem a resposta aquela e sugiro mais um complemento “vai cuidar da tua vida”.

Mas o complemento só pode ser verbalizado se a pessoa que detém a posse do animal souber tratá-lo de forma adequada; Muita gente impõe duras condições aos seus mascotes e isso se dá mais por ignorância do que pela intenção de promover a tristeza. Animal entristecido é algo muito ruim no lar e a culpa, acredite, não é dele. Cães e gatos são verdadeiras esponjas, filtram todas as energias dentro da casa, os ânimos alterados de um casal, o desleixo de um filho, a relação conturbada entre mãe e filha… nada passa por eles desapercebido e não raro a falta de equilíbrio em uma família têm reflexos bastante nocivos sobre os animais que passam a ter sua essência primitiva eclipsada. Uma vez colocados dentro de casa e tendo de seus donos proteção e comida, nada mais resta a fazer do que brincar e ser feliz transferindo parte dessa energia positiva e relaxante para seus donos. Mas brincar com quem em uma família em pé de guerra¿

O “diga-me com quem andas e direi quem você é”, no mundo dos mascotes, estaria bem representado por “mostre-me seu cão e direi como é sua família”. Todos sabemos que altos e baixos fazem parte de nossas vidas, mas nos períodos mais complicados dê uma atenção especial ao seu mascote, faça carinhos na sua testa, leve-o para passear e explique a situação que tem rareado seus bons momentos com ele. Ele não entende português, mas compreende tom de voz e intenção de fazer o bem. Evite transferir seu estresse ao seu mascote que só chegou à sua casa para trazer descontração, fidelidade e alegria. Animal triste é um redemoinho de desilusões, um cristal que não consegue refletir o sol, a luz e os bons pensamentos.  Animal entristecido é muito mais do que desperdício de energia, é luz apagada, é copo de água vazio, é anular o poder restaurador que é possível receber da criatura que nos deseja o bem.

 

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A autora é Jornalista