Cotidiano

Roberto Jefferson volta à Câmara para a homenagem a Ulysses Guimarães

61989687_BSB - Brasília - Brasil - 06-10-2016 - PA - O deputado Jarbas Vasco.jpgBRASÍLIA ? A Câmara realizou, na manhã desta quinta-feira, uma sessão em homenagem a Ulysses Guimarães, que completaria hoje 100 anos de idade. Vários parlamentares do PMDB histórico, o chamado MDB na época de Ulysses Guimarães, participaram da homenagem, como o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que presidiu parte da sessão, e até o presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson e autor das denúncias do escândalo do mensalão. Também participaram o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário-executivo do Programa de Parceria de Investimentos, Moreira Franco, atual presidente da Fundação Ulysses Guimarães.

Nos discursos, todos ressaltaram a importância de Ulysses na condução do processo que levou à redemocratização do país, do mesmo plenário que o homenageia nesta quinta-feira.

Um longo tapete vermelho foi estendido no Salão Verde da Câmara até o plenário, em homenagem ao ex-presidente da Casa. A sessão foi aberta pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e depois foi comandada por peemedebistas históricos: Jarbas Vasconcelos e o deputado José Fogaça (PMDB-RS).

Moreira Franco foi o primeiro a discursar.

? Não estamos apenas homenageando um político, que marcou a História, que mudou o país, mas, acima de tudo, estamos homenageando o último político brasileiro que teve a autoridade moral, as condições morais, de dizer, dessa Tribuna (da Câmara), que estava falando em nome da Nação. Foi o último, e não era contestado por seus pares. De fato, Doutor Ulysses falava em nome da Nação. É um legado de quem acredita na democracia ? disse Moreira Franco, lembrando a forma como o político era chamado.

Moreira Franco destacou ainda o dom da oratória de Ulysses, na condução das sessões da própria Câmara e ainda como líder das Diretas Já.

? O maior legado que o Doutor Ulysses nos deixou foi fazer um combate pela política, pela saliva, como ele dizia. Ele derrubou o regime militar sem matar ninguém, só na confiança do povo de ser o agente da História. Ele pôs o povo na rua ? disse Moreira Franco, fazendo um paralelo com o momento atual, quando foi votado o impeachment.

? E é o povo mobilizado na rua que tem feito essa Casa votar em consonância com a sua vontade.

Integrante do PMDB histórico e ex-presidente da Fundação Ulysses Guimarães, o ministro Padilha disse ainda que fazer política atualmente requer “coragem”. Ele não discursou.

? Ulysses é uma referência especial. Há algumas palavras que definem bem o Ulysses: político tem que ter coragem. Hoje, neste momento, quem faz política no Brasil tem que ter coragem para enfrentar o desafio que aí está ? disse Padilha.

Onze anos depois de ter deixado o Parlamento, Roberto Jefferson voltou e disse que quer “imitar” Ulysses no número de mandatos, avisando que pretende voltar à Casa que cassou seu mandato depois das denúncias do Mensalão.

? Ulysses era o “senhor democracia”. Muito obrigado, meu amigo: 11 anos depois volto a essa Tribuna, que a sua memória me permite. Estou querendo voltar para imitar o senhor ? disse Roberto Jefferson, da Tribuna.

Ele disse que Ulysses foi “acendedor de lampiões”, pois iluminou a Câmara e todos ao seu redor.

? Disse a ele: ?vejo o senhor como um acendedor de lampiões. O senhor acendia as luzes, deixando a cidade toda iluminada atrás de si. O senhor iluminou essa Casa, a Constituinte saiu pelo esforço pessoal do senhor?. Ele era o “Senhor democracia”, foi sem dúvida um dos maiores políticos do Brasil ? disse Jefferson.

O ex-deputado afirmou ainda que precisa “alcançar” o número de mandatos que Ulysses teve, e que pretende voltar à vida pública em breve:

? Ele teve 11 mandatos, eu só tive seis. Preciso alcançar ele ? brincou Jefferson.

O deputado José Fogaça, relator adjunto da Constituição de 1988, também discursou e exaltou Guimarães, dizendo que ele liderou os parlamentares em “mares tempestuosos”.

? Ulysses Guimarães marcou um momento da vida brasileira porque foi timoneiro, condutor, soube nos liderar em mares tempestuosos. É o maior ator dessa obra magnífica que é a Constituição brasileira ? disse Fogaça.

Líder do PMDB na Casa, Baleia Rossi (SP) discursou em nome do partido, fundado por Ulysses Guimarães, e chamou o ex-presidente da Câmara de “patrimônio do povo brasileiro”.

? Chegamos a um país livre e democrático, em grande parte pela capacidade que ele demonstrou de superar obstáculos. Ulysses tornou-se, já em vida, um grande patrimônio do povo brasileiro ? disse Rossi.

Pelo PT, a homenagem foi feita pela deputada Erika Kokay (DF), que destacou o espírito democrático do ex-deputado.

? Toda vez que escutamos a palavra democracia, lembramos o quão presente está Ulysses Guimarães.

O líder do PSDB, deputado Antônio Imbassahy (BA), citou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff como um exemplo de que o Brasil tem hoje uma democracia sólida.

? Devemos muito a Ulysses Guimarães, devemos a ele a democracia que hoje protege a nossa liberdade e direitos fundamentais ? disse Imbassahy.