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Riscos da dieta sem acompanhamento

Levantamento realizado por médicos da Abran mostra que 77% dos entrevistados já fizeram dieta por conta

Sabe aquela dieta da lua? E aquela dos líquidos? Tem ainda aquela do ovo… Quem nunca ouviu e até tentou adotar alguma dieta para perder uns quilinhos, ou muitos até? Acreditem, o número é bastante expressivo e preocupante.

Pesquisa realizada por médicos nutrólogos da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) com pacientes de dez estados brasileiros mostrou que 77% dos entrevistados já fizeram dietas sem acompanhamento ao menos uma vez na vida. Nos últimos 12 meses, 40,8% iniciaram um programa alimentar por conta própria. Em contrapartida, 95% dos entrevistados reconheceram que os profissionais médicos e da área de nutrição são as fontes mais confiáveis para indicar uma dieta. O levantamento foi feito com 503 pessoas, de 20 de agosto a 25 de setembro de 2017.

"De forma prática, a pesquisa mostra o comportamento dos pacientes que estamos acostumados a receber em nossos consultórios e nos hospitais. Isso que constatamos nessa amostragem é uma tendência da população brasileira, que está habituada a iniciar dietas sem acompanhamento profissional, sem perceber que elas podem acarretar em prejuízos graves para a saúde, como deficiências nutricionais, que podem impactar órgãos como intestino, estômago, pâncreas, entre outros", alerta Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Abran.

As dietas da moda

Os pacientes também foram perguntados sobre já terem feito alguma dieta da moda. Nesse caso, foram mencionadas as dietas cetogênica ou low carb (30%), detox (19,1%), Dukan (15,7%), hiperproteica (13,3%), sem glúten (12,9%), seguidas por outras – era possível assinalar mais de uma alternativa.

Meio que óbvio, sete de cada dez pacientes buscam dietas para perder peso; 45% dizem querer melhorar a qualidade de vida; 43% que buscam uma reeducação alimentar e 18% que querem condicionamento físico. Nessa questão também era possível assinalar mais de uma alternativa.

Os vilões do prato

Os campeões de restrição em uma dieta são os doces (65%). Contudo, 28% mencionaram que eles são o principal motivo por abandonarem o programa alimentar. Frituras (61,82%), porções durante a alimentação (48,31%), quantidade de refeições (24,25%), sal (18,62%) e carboidratos (3,18%) foram citados como o que as pessoas costumam restringir mais frequentemente nas dietas.

A desmotivação por não conseguir perder peso atinge mais de 45,32% da população pesquisada, seguida pela falta de tempo para preparar as refeições (40,55%).

A pesquisa

Pacientes de dez estados brasileiros responderam à pesquisa realizada por médicos nutrólogos para avaliar o perfil dos brasileiros em relação às dietas: Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe, Ceará, Distrito Federal.

Sobre a Abran

Fundada em 1973, a Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) é uma entidade médica científica que se dedica ao estudo de nutrientes dos alimentos, que são decisivos na prevenção, no diagnóstico e no tratamento da maior parte das doenças que afetam o ser humano. Reúne mais de 1.700 médicos nutrólogos titulados especialistas em nutrologia pelo Brasil e mais de quatro mil médicos associados, que atuam no desenvolvimento e na atualização científica em prol do bem estar nutricional, físico, social e mental da população.

Ficar sentado é o novo “fumar”, afirma médica norte-americana

"Ficar sentado é o novo ‘fumar’. Não se movimentar e buscar um estilo de vida saudável é extremamente prejudicial. Atualmente, já é possível fazer uma conexão de que, quanto mais tempo a pessoa passa sentada, maior é o risco de mortalidade por doenças ligadas ao peso e à falta de exercícios", alerta a professora Rita Raman, médica pediatra pela Universidade de Oklahoma.

A obesidade está associada a diversas doenças, como diabetes, doenças cardiovasculares, colesterol, artrite e doenças nas articulações, doenças autoimunes e problemas psicossociais, e paralelamente o sedentarismo é um dos piores fatores.

Os problemas psicossociais e as dificuldades na farmacoterapia antiobesidade também foram abordados pelo professor Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia. "Alguns governos ainda não compreendem a importância do tratamento de uma doença crônica, como a obesidade, por meio de agentes farmacológicos. Uma pessoa hipertensa sem o devido remédio terá crise de pressão alta. O obeso sem o remédio engorda e sofre discriminações", pontua.

Para ele, a comparação é inevitável: "Quantas vezes você já não ouviu: Você engordou, mas nossa, você não estava tomando ‘aquele’ remédio?". Nem sempre a farmacoterapia é indicada, portanto, existe a necessidade de um acompanhamento médico especializado.

Para a professora Maria Cristina Jimenez, presidente da Sociedade Paraguaya de Nutrición, o mais importante é compor uma equipe multidisciplinar para o combate da obesidade: "Médicos nutrólogos, endocrinologistas, cardiologistas, psicólogos e nutricionistas devem compor uma equipe para combater a doença. Uma pessoa que reduz de 5% a 10% do peso promove uma melhora corporal em curto prazo, porém nunca a homeostase energética – o gasto energético que é a interação metabólica que mantém a energia do corpo para sobrevivência em curto e longo prazo – será a mesma entre ex-obesos e magros", diz a presidente da SPN.