Cotidiano

Riscos ainda ameaçam crescimento global, diz presidente do BC

2016 924722735-INFOCHPDPICT000059969115_20160721.jpgSÃO PAULO – O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta sexta-feira que ainda existem riscos que podem ameaçar a retomada do crescimento global e o excesso de liquidez nos mercados globais. Para ele, o cenário inspira cautela, e a autoridade monetária poderá atuar no mercado de câmbio se necessário, mas sempre com parcimônia.

? Temos que ter cautela para não tomar como permanente esse cenário. Ainda há riscos que podem ameaçar esse quadro de crescimento global e liquidez elevada. O cenário nacional e internacional ainda se apresentam mais desafiadores que a média histórica ? disse durante participação no 11 Seminário Anual de Riscos e Estabilidade Financeira do BC.

Em relação ao câmbio, Ilan disse que o BC pode atuar neste mercado se julgar necessário, mas sempre respeitando a premissa de que o câmbio é flutuante.

? Tenho afirmado que quando necessário o Banco Central pode atuar (no câmbio) sem atingir a premissa principal e utilizando com parcimônia as ferramentas que estão disponíveis ? afirmou.

Como exemplo de atuação, citou a estratégia adotada desde março de emitir swaps cambias reversos, que possuem efeito de compra da moeda no mercado futuro. Esses contratos reduzem a exposição cambial do BC às variações de câmbio (representadas por contratos que têm efeito de venda da moeda e, quando há uma variação da cotação para cima, levam prejuízo para a autoridade monetária).

O BC passou a adotar os swaps reversos no momento em que começou a ficar mais claro que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) postergaria sua alta de juros. Além disso, governos da Europa e do Japão tomaram medidas de estímulo fiscal e monetário, o que elevou a liquidez global e ajudou na apreciação das moedas de países emergentes, como o Brasil. No ano, o dólar acumula uma desvalorização de cerca de 25% em relação ao real.

Ilan reforçou ainda que o BC trabalha para aprimorar a sua comunicação com o mercados e as expectativas dos agentes.

? Nesse sentido, reafirmamos que estamos trabalhando para a convergência da inflação para o centro da meta durante todo o horizonte relevante ? disse.

Ele destacou ainda a importância das novas tecnologias para o sistema financeiro, que podem contribuir com a inclusão e maior eficiência, mas também a necessidade de manter a atenção aos riscos que essas inovações podem trazer ao sistema.