Cotidiano

Rio 2016: Quase metade das emissões de gás carbônico previstas estão neutralizadas

RIO – A Olimpíada mal começou, e quase metade das emissões de gás carbono (CO2) previstas já está neutralizada através de diversas iniciativas. De olho na preocupação com o meio ambiente, um dos pontos altos da cerimônia de abertura, a Dow, gigante do setor químico e a responsável em criar ações para neutralizar a emissão de gases que causam o efeito estufa, e o Comitê Rio 2016, já mitigaram através de diversas ações 2,220 milhões de toneladas de CO2 equivalente de um total esperado de geração de 4,580 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

A notícia vem em um momento importante para o país, dizem especialistas em meio ambiente. Isso porque na semana passada o Ibama não concedeu a licença ambiental para a construção da usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, no Pará, que iria gerar 8 mil megawatts (MW), ajudando a tornar mais limpa a matriz elétrica brasileira. Segundo Júlio Natalense, líder de sustentabilidade da Dow para Rio 2016, a questão ambiental entrou na agenda de todos os países.

Essa preocupação se traduziu em boa parte da cerimônia da Olimpíada, realizada sexta-feira no Maracanã. O aquecimento global e a importância da preservação da natureza foram mostradas através da coreografia dos bailarinos e da poesia “A flor e a náusea”, de Carlos Drummond de Andrade, foi recitada pela atriz Fernanda Montenegro. Foi usada ainda uma menor da Pira Olímpica, justamente para reduzir os impactos, e o fato de cada atleta ter recebido uma muda para plantar.

? Isso é algo para ser comemorado. Os países se comprometeram com os acordos firmados no COP 21, em Paris, que é reduzir as emissões. E essa Olimpíada traz uma mensagem importante que tem de entrar na agenda de todos, das empresas, com ações mais eficazes, à população, com consumo mais eficiente de energia, e os países, com a criação de políticas para promover energias renováveis. O gás carbono é o principal causador do efeito estufa ? diz Elizabeth Soares, da Eke Consultoria.

Segundo o Rio 2016, comitê que organiza a Olimpíada do Rio, a preparação para o evento, que envolve a organização logística, como o uso de combustível e o deslocamento das delegações, por exemplo, deve gerar 580 mil toneladas de CO2 equivalente, contra a previsão anterior de 724 mil toneladas. Além disso, os investimentos em infraestrutura urbana serão responsáveis, segundo projeções, pela emissão de mais 1,6 milhão de toneladas de CO2. Há ainda a expectativa de emissão de mais 2,4 milhões de toneladas de CO2 em relação aos espectadores, seja pelo deslocamento de avião ou carro.

? Esses são números preliminares, pois o balanço oficial só deve sair em dezembro. Hoje, a questão ambiental é muito maior que nos Jogos de Londres em 2012. Por isso, passou a se buscar uma série de alternativas para mitigar toda essa emissão ? disse Júlio.

Tania Braga, líder de sustentabilidade e acessibilidade para o Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, destacou que o mais importante é aproveitar essa oportunidade para engajar setores estratégicos no Brasil e da América Latina em torno de uma forma mais sustentável de produzir energia.

? Garantir a entrega de Jogos com uma pegada de carbono reduzida é um dos pontos principais de nossa estratégia ? disse ela.

Como é a parceira de carbono do Rio 2016, a empresa cita projetos que já foram iniciados para mitigar as emissões oficias da Olimpíada. Juntos, eles neutralizaram cerca de 2,2 milhões de toneladas de CO2 equivalente. Desse total, Julio explica que as iniciativas foram concentradas em três frentes: novas soluções para indústria, alimentos e construção civil. Entre as ações, foi desenvolvida uma técnica que permite a criação de embalagens mais leves, reduzindo o consumo de materiais.

? Criamos ainda, dentro desse planejamento, um painel de isolamento térmico para a indústria da construção civil, que permite a redução do uso de ar condicionado entre 40% e 70% devido à espuma utilizada. Esses são projetos que foram criados devido à Olimpíada. A ideia era criar novas tecnologias que possam ser usadas como legado ambiental para o Rio, o Brasil e a América Latina. Todos esses números de mitigação são provados e vão entrar na conta da Olimpíada ? destacou o executivo.